Uma equipe de pesquisa constituída por astrônomos da Universidade de Groningen e do Instituto de Investigação Espacial dos Países Baixos usou essa semelhança da estrela HR8799 - localizada a 129 anos-luz da Terra, na constelação de Pegasus - para simular colisões dos seus planetas com asteroides, cometas e outros corpos menores dentro do sistema.
Os resultados do estudo foram publicados em 29 de maio, tendo a simulação mostrado que os quatro planetas gasosos "absorvem" material por via de colisões com corpos menores, tal como acontece em nosso Sistema Solar, informa o portal Heritage Daily.
Contando a partir do Sol, o nosso Sistema Solar consiste de quatro planetas rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), de um cinturão de asteroides, quatro gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) e outro cinturão de asteroides, o de Kuiper.
Os planetas internos rochosos são ricos em materiais refratários, como metais e silicatos, os planetas externos são ricos em substâncias voláteis, como água e metano. Durante a formação, os planetas internos tiveram dificuldade em formar uma atmosfera volátil porque o vento solar forte soprava o gás para longe.
Ao mesmo tempo, o calor do Sol evaporava quaisquer cristais de gelo, por isso era mais difícil reter água. Nas regiões externas, mais longe do Sol, há menos calor e vento solares, então os planetas gasosos podiam coletar água em forma de gelo e também constituir largas atmosferas de substâncias voláteis.
Simulação
Corpos menores, incluindo asteroides, cometas e poeira, intensificaram este processo posteriormente, ao enriquecer a Terra com materiais refratários da cintura interna e voláteis e refratários da cintura externa.
A equipe de astrônomos se questionou se o mesmo sistema se aplicaria a sistemas planetários ao redor de outras estrelas. Eles criaram uma simulação para o sistema HR8799, que é similar ao nosso Sistema Solar, com quatro gigantes de gás mais um cinturão interno e outro externo de asteroides, e possivelmente planetas rochosos na parte interna.
Os cientistas poderiam dessa forma resolver algumas incógnitas sobre o HR8799, usando como ponto de partida o nosso próprio Sistema Solar.
Planetas terrestres
A simulação mostrou que, assim como em nosso Sistema Solar, os quatro planetas gasosos recebem materiais fruto de bombardeio por corpos menores.
Observações futuras, através do Telescópio Espacial James Webb da NASA, serão capazes de medir a quantidade de componentes refratários nos planetas gigantes gasosos.
"Se os telescópios detectarem a quantidade prevista de materiais refratários, isso significa que eles podem ser explicados pela entrega a partir dos cinturões, como mostra o modelo", escreve Kateryna Frantseva, a autora principal do estudo.
"No entanto, se detectarem mais materiais refratários do que se pensava, o processo de entrega será mais ativo do que o previsto na simulação, provavelmente por o HR8799 ser muito mais jovem do que o Sistema Solar", acrescentou.
Segundo os cientistas, o sistema HR8799 eventualmente conterá planetas rochosos, para os quais uma entrega de componentes voláteis oriunda de cinturões de asteroides poderia ter relevância astrobiológica.