"As vacinas diferem não só em seu princípio funcional, mas também no método e esquema de imunização. Assim, uma de nossas vacinas não segue o esquema clássico da injeção intramuscular, sendo aplicada por via intranasal, o que significa que ela é introduzida no nariz por aplicação de gotas", afirmou Rinat Maksyutov, diretor-geral do Centro.
Testes promissores
A vacina tem sido testada em animais.
"Como parte dos testes de laboratório, primatas inferiores foram infectados com o novo coronavírus. Os resultados obtidos são similares à infecção em humanos. Há um número significativo de casos assintomáticos, ou seja, quando um vírus somente pode ser detectado pela excreção de vírus em um esfregaço usando o método PCR [reação em cadeia da polimerase]", assinalou Maksyutov.
Alguns primatas, acrescentou o especialista, tiveram febre. Para controlar possíveis alterações nos pulmões, os pesquisadores recorreram a dispositivo de raios X.
"Inoculada a vacina, não houve aumentos de temperatura nem reações indesejadas. Todos eles reagiram muito bem à introdução de nossas vacinas", congratulou-se o diretor-geral da Vector.
Início das provas em humanos
O centro Vector planeja iniciar os primeiros ensaios clínicos em humanos no final de junho – início de julho e concluí-los em meados de setembro.
Ao mesmo tempo, Maksyutov sublinhou não ser aconselhável uma aceleração do trabalho com a vacina, pois não se deve esquecer os princípios básicos da vacinação – não prejudicar ninguém ou injetar uma droga inútil.
Os ensaios clínicos em humanos serão efetuados em voluntários de ambos os sexos, de entre 18 e 60 anos, informou Maksyutov, que acrescentou estarem excluídas do experimento pessoas que já tenham sido infectadas com o SARS-CoV-2.
Os grupos de voluntários só serão definidos sete dias antes do início do ensaio clínico, acrescentou Maksyutov.
O centro Vector também espera que suas pesquisas possam ser utilizadas, igualmente, para proteger as crianças e idosos.
"Mas isto é uma questão de ensaios clínicos posteriores. Após recebermos resultados positivos e registrarmos a vacina, no âmbito de ensaios pós-registro e ensaios clínicos independentes vamos expandir o contingente em termos de idade, incluindo crianças e maiores de 60 anos de idade", acrescentou o diretor-geral.
Segundo Maksyutov, esses estudos poderiam começar já no início do próximo ano.
Vale recordar que recentemente a representante da OMS na Rússia, Melita Vujnovic, relatou que a organização já registrou 124 promissoras vacinas contra o coronavírus, entre elas oito desenvolvidas na Rússia.