"A posição do governo alemão é que queremos ratificar o acordo. É um acordo muito importante e necessário. Porém, o nosso governo sabe que garantir a maioria no nosso Congresso e no Parlamento Europeu é cada vez mais difícil com as informações sobre o desmatamento crescendo no Brasil", afirmou o diplomata ao portal G1.
A fala de Witschel veio dois dias depois do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ter divulgado um aumento expressivo da destruição da Amazônia – entre agosto de 2018 e julho de 2019 foi de 10,1 mil km quadrados, em uma área do tamanho do Líbano –, o que corresponde a um crescimento de 34,4% em relação ao período anterior, entre 2017 e 2018.
Bastante celebrado no ano passado, o anúncio do acordo entre os dois blocos fará um ano no final de junho, estando bastante distante do que se esperava. Vários países, como França, Bélgica, Holanda e Áustria já deram sinalizações que podem não assinar o documento, que tem que ser ratificado pelos 27 países da UE e pelos quatro do Mercosul.
Ao portal, o embaixador alemão reafirmou que a Alemanha é favorável ao acordo, que prevê reduções de barreiras tarifárias e não tarifárias para importações e exportações entre os países dos dois blocos, mas é preciso que o Brasil dê a sua ajuda, e ela deve se demonstrar na redução do desmatamento.
Witschel já teve debates a respeito da Amazônia junto ao governo do presidente Jair Bolsonaro. O embaixador alemão tentou negociar a manutenção do Fundo Amazônia (mecanismo de repasse de dinheiro para a preservação da floresta que contava com recursos de Noruega, Alemanha e Brasil), porém não houve acordo e os repasses foram suspensos.
A postura de Bolsonaro e do seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também vem sendo mencionadas nas críticas feitas por autoridades europeias ao resistirem a ratificar o acordo, como ocorreu no Parlamento holandês.