A matéria de The New York Times, citando representantes anônimos de serviços de inteligência norte-americanos, alegou que a inteligência militar russa teria oferecido a terroristas do movimento Talibã (proibido na Rússia e em vários outros países) uma recompensa por estes atacarem soldados dos EUA no Afeganistão. A mídia não apresentou quaisquer provas do que foi dito.
"Parem de criar fake news que provocam ameaças a vidas [humanas]", apelou a missão diplomática russa em sua conta oficial no Twitter.
Além disso, os diplomatas pediram que as autoridades dos EUA "tomassem medidas eficazes para garantir o cumprimento de suas obrigações internacionais no âmbito da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961". Trata-se de ameaças que funcionários da embaixada receberam de usuários do Twitter após a divulgação da matéria norte-americana. A captura de tela com uma das ameaças foi anexada ao tweet.
Stop producing #fakenews that provoke life threats, @nytimes.
— Russia in USA 🇷🇺 (@RusEmbUSA) June 27, 2020
We demand the relevant #US authorities take effective measures to ensure the fulfillment of their international obligations under the Vienna Convention on Diplomatic Relations of 1961. @StateDept @FBI @DHSgov ⬇️ https://t.co/Ows7srg3IH
No início de junho a bancada do Partido Republicano no Congresso publicou um relatório em que, entre outros assuntos, acusou a Rússia de financiar a atividade do Talibã e apelou para endurecer as sanções contra Moscou.
A embaixada russa vem refutando as acusações desse tipo. De acordo com os diplomatas, trata-se de uma "farsa encenada" que visa prejudicar a imagem de Moscou no apoio à construção de um Afeganistão pacifico e estável.
Palavra da chancelaria russa
Além disso, em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia ressaltou as atividades ilegítimas dos EUA no Afeganistão.
"Falando de fatos, que são comumente conhecidos, o envolvimento de membros da inteligência americana no tráfico de drogas, em pagamentos a terroristas para que estes permitam a passagem de transportes, em subornos para realizar contratos em diferentes projetos, que são pagos pelos cidadãos norte-americanos – nada disso é um segredo no Afeganistão. Se quisermos, a lista de suas atividades pode ser continuada. Não parecerá ser curta", comentou o ministério.
Operação dos EUA no Afeganistão
Os EUA iniciaram uma operação militar contra o Talibã em 2001. Washington alegou que os talibãs escondiam terroristas do grupo Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) que cometeram os atentados de 11 de setembro do mesmo ano. Posteriormente, o governo do Talibã foi deposto e substituído por políticos leais aos EUA. O Talibã entrou em confronto armado com eles.
Em fevereiro, os EUA e o Talibã assinaram a primeira trégua em 18 anos. Em particular, o documento prevê a retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão em 14 meses e o início do diálogo interafegão após a troca de prisioneiros.