À primeira vista, se trata de um custo exorbitante, já que as diferentes versões do caça norte-americano de quinta geração F-35 custam aproximadamente US$ 100 milhões (R$ 540 milhões).
De fato, as autoridades do país árabe começaram uma investigação por suspeitas de corrupção na assinatura do contrato. Contudo, uma análise detalhada do acordo firmado com a Itália explica o alto valor destas aeronaves.
O portal Military Watch Magazine refere que o custo total do contrato, que supera US$ 8 bilhões (R$ 43,2 bilhões), primeiramente deve ser dividido pelo número de aeronaves fornecidas.
No entanto, os contratos de aquisição de aeronaves de combate costumam incluir mais itens, além dos próprios caças. O portal Defense News divulga parte da lista prevista no contrato:
- Logística: transporte das aeronaves e de toda a restante maquinaria necessária ao Kuwait;
- Apoio operacional;
- Formação de pilotos em cooperação com a Força Aérea italiana;
- Formação da equipe de manutenção em cooperação com a Força Aérea italiana;
- Atualização da infraestrutura no Kuwait para a operação das aeronaves;
- Fornecimento de um simulador completo e dois parciais;
- Construção de edifícios de operação, manutenção, assim como das estruturas onde se efetuará a formação de pilotos e pessoal em terra.
Outro aspecto a destacar é o fato de se tratar das versões mais avançadas da aeronave. Além disso, os Eurofighter do Kuwait contam com poderosos radares de varredura eletrônica, que não existem nos modelos usados pela Itália, Reino Unido, Alemanha e Espanha.
Por que o Kuwait optou pelos Eurofighter em vez dos F-35?
O Military Watch Magazine destaca dois argumentos que indicam a possível presença de corrupção na licitação. Primeiramente, é indicada a discrepância entre os valores dos caças europeus e norte-americanos.
No entanto, é necessário considerar que o custo anunciado dos F-35 pode variar de acordo com a versão, sem necessariamente incluir um apoio logístico e de operação tão amplo quanto o oferecido pela Itália neste contrato.
Também é necessário considerar uma particularidade do Kuwait: sua população. Este aspecto é referido pelo professor adjunto do Departamento de Estudos de Defesa do King's College de Londres (Reino Unido), Jean-Marc Rickli.
"São precisos três a quatro pilotos por aeronave. No caso do Kuwait, isso significa que será necessário formar cerca de 100 novos pilotos. Tanto o Kuwait como o Qatar são países pequenos com populações pequenas. Uma vez que a pilotagem de aviões de quinta geração é muito exigente, seria um grande desafio encontrar um número adequado de pessoas com as habilidades necessárias entre a população local", explicou o especialista.
Outro argumento apresentado a favor da versão de corrupção é o fato de que o Kuwait já opera os caças norte-americanos F/A-18C Hornet e, em vez de diversificar sua frota aérea, poderia optar por versões atualizadas deste caça. Na realidade, até os países europeus diversificam suas frotas por razões estratégicas ou políticas.
Todos esses pontos demonstram que os contratos militares devem ser abordados não somente segundo uma perspectiva matemática, dividindo meramente o valor total pelo número de unidades, mas segundo um enfoque mais amplo.