O material apreendido pelos investigadores em dezembro de 2019 foi publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Nele, Márcia apresenta as suas queixas à advogada Ana Flávia Rigamonti, que trabalha com Wassef – ex-defensor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das "rachadinhas".
Foragida da Justiça desde o último dia 18, Márcia reclamou que a família se sentia tratada como "marionete" pelo "Anjo", codinome usado por ela para se referir, de acordo com o Ministério Público e os investigadores do caso, a Wassef – ele vem negando ter tal apelido.
"A gente não pode mais viver sendo marionete do Anjo. 'Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família'. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse pra (sic) matar, já tinham pego um filho meu aqui", afirmou a mulher de Queiroz em mensagem enviada para Ana Flávia em dezembro.
Márcia também indicou que poderia fugir, caso tivesse a sua prisão decretada. Assim como Queiroz, ela foi nomeada como assessora de membros da família Bolsonaro, embora não comparecesse para trabalhar e fosse cabeleireira. A filha do casal, Natália Queiroz, é personal trainer e também se enquadra na mesma situação.
Nas mesmas mensagens trocadas entre Márcia e Ana Flávia, a mulher de Queiroz afirmou que a família não queria mais seguir os planos de Wassef, que insistia em esconder o amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro e ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
"Ele [Queiroz] não quer ficar mais aí, não. Ele [Anjo] vai fazer terror, né?", questionou Márcia. "O Anjo tem ideias boas, sim, mas na prática a gente sabe que não é igual às mil maravilhas que ele fala", respondeu a advogada que atuava com Wassef.
Queiroz está preso no presídio Bangu 8, no Rio de Janeiro. Ele foi encontrado escondido em um imóvel de Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo. O advogado acabou deixando a defesa de Flávio Bolsonaro dias depois, e também se afastou do presidente Jair Bolsonaro, a quem já havia defendido no ano passado e do qual se dizia muito próximo.