Esta dinâmica positiva reflete o fato que a China está se recuperando da crise mais rápido do que era esperado. É a primeira vez desde o início do surto de coronavírus que tanto as exportações como as importações do gigante asiático começaram a crescer.
A maioria dos analistas previa que junho continuaria sendo um mês de recessão, com queda das importações em 10% e das exportações em 1,5%. No entanto, medidas de estímulo fiscal, bem como investimentos em infraestruturas e imobiliário, trouxeram resultados rápidos.
Com crescimento de 9,6% a demanda por aço laminado importado atingiu seu pico nos últimos 33 meses. As importações de petróleo bruto também atingiram valores máximos, subindo 9,9%. Neste setor a demanda foi estimulada por refinarias de petróleo chinesas, que buscaram preencher suas instalações de armazenamento enquanto o preço era baixo.
Como resultado, as importações de alguns países à China aumentaram para níveis de dois dígitos. Bom exemplo disso são as importações dos EUA a Pequim, que cresceram em junho 11,3%, embora em maio este valor estava na zona negativa.
Paralelamente, o aumento da demanda mundial por máscaras de proteção, luvas e outros produtos médicos e equipamentos tecnológicos contribuiu para o aumento das exportações chinesas. Segundo estatísticas chinesas, as exportações de medicamentos e fármacos no segundo trimestre cresceram 23,6%. As vendas de equipamentos médicos para outros países subiram 46,4%.
China lançou várias medidas de apoio econômico. As autoridades solicitaram aos bancos comerciais que concedessem empréstimos para apoiar as pequenas empresas em pelo menos 1 trilhão de yuans (R$ 764 bilhões) a taxas de juros baixas.
No geral, a China conseguiu lidar com sucesso com a primeira onda da epidemia e foi capaz de minimizar as perdas econômicas, disse à Sputnik China Jia Jinjing, vice-diretor do Centro de Pesquisa Financeira Chungyang da Universidade Popular da China.
"China lidou eficazmente com a primeira onda da epidemia, conseguindo minimizar o impacto na economia. Julgando pela demanda interna e externa, verificamos que as medidas [implementadas] estão produzindo seus resultados. No entanto, a situação epidemiológica permanece incerta, especialmente em alguns países, incluindo os EUA. Onde é provável que a epidemia se espalhe, a situação é muito difícil de prever", disse Jia Jinjing.
Apesar do fato que a China pode ter sido capaz de minimizar o impacto da epidemia para si, devido ao envolvimento de Pequim na cadeia de valor global, o país é altamente dependente da situação no mundo. Ao mesmo tempo, segundo o especialista, os EUA continuam sendo a principal ameaça oculta à economia e finanças globais.
"Em termos de nível financeiro ou macro, o maior risco latente vem dos EUA. O país adoptou um programa de apoio financeiro que termina este mês. Ainda não foi anunciado quais serão os próximos passos. Mas há sérios riscos financeiros na situação atual que vêm dos EUA.", comentou o especialista.
"Em junho, as receitas federais dos EUA representaram apenas um quinto das despesas. Isto significa que Washington enfrentará problemas para pagar sua própria dívida no futuro. Com o aumento do endividamento, os EUA estão se tornando um país zumbi, e este é um perigo real para a economia global", ressaltou Jia Jinjing.
Para combater a crise atual, os EUA alocaram US$ 2,3 trilhões (R$ 12,3 trilhões), sendo um pacote de incentivos recorde. No entanto, estas medidas anticrise limitaram-se principalmente ao estímulo financeiro direto da economia.