Fardo da independência: Coreia do Sul precisaria de porta-aviões 'americano'?

© REUTERS / Issei KatoCaça furtivo F-35
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Seul anunciou seu plano de começar a construir seu próprio porta-aviões em 2021, o que preocupa seus vizinhos. A Coreia do Sul mostra assim sua intenção de aderir ao clube das potências navais avançadas.

Em uma entrevista à Sputnik, Park Won Gon, professor da Escola de Estudos Internacionais, Línguas e Literatura da Universidade Global de Handong, Coreia do Sul, comentou os planos do governo sul-coreano de construir um porta-aviões. Em sua opinião, a decisão foi motivada pela ideia de que os Estados Unidos em breve darão a Seul o direito de comandar seu próprio exército caso haja uma guerra.

Neste momento, em caso de hostilidades, a liderança geral seria transferida para o Comando Unificado das tropas sul-coreanas e americanas, liderado pelo comandante das Forças Armadas norte-americanas na Coreia do Sul.

"Isto certamente poderia ser visto como uma mudança na balança de poder na região. Antes, nossa posição básica era que não precisávamos de porta-aviões para defender a Coreia do Sul e a península coreana como um todo. Agora declaramos que teremos um porta-aviões", enfatizou o especialista.

Além disso, em sua opinião, é muito provável que os submarinos a serem construídos entre 2021 e 2025 sejam nucleares. Isso poderia indicar o desejo do governo sul-coreano de ir além da defesa próxima e estender as atividades defensivas a todo o Nordeste Asiático, reflete Gon.

No entanto, diz, os planos de Seul não terão um impacto sério sobre as relações do país asiático com seus vizinhos. Mesmo se a Coreia do Sul conseguir um porta-aviões leve, é improvável que seja capaz de competir com a China ou o Japão. Além disso, o principal motivo da Coreia do Sul neste caso é reduzir sua excessiva dependência de seu principal aliado militar, os EUA.

© AP Photo / Pablo Martinez MonsivaisGuarda de honra com bandeiras dos EUA e da Coreia do Sul
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Guarda de honra com bandeiras dos EUA e da Coreia do Sul

"Para a China, o importante não é o fortalecimento do poder militar de Seul, mas sim o aumento do potencial militar da aliança sul-coreana e dos EUA. Se isso fortalecer a aliança, tais mudanças podem se tornar um problema, dados os esforços de Washington para conter Pequim. Mas ele [Washington] está bem ciente de que o movimento está indo em uma direção diferente, portanto não vai criar nenhuma dificuldade especial", diz o professor.

F-35Bs seriam necessários à Coreia do Sul?

Para aumentar a prontidão de combate das Forças Armadas sul-coreanas seria muito mais eficaz reorganizar a estrutura de comando, eliminando a competição desnecessária entre os comandos dos diferentes ramos de tropas, acredita Park Won Gon. Além disso, com um orçamento limitado, é necessário distinguir prioridades e investir nelas. Caso contrário, afirma, armas boas, mas caras, podem ser um desperdício de dinheiro.

"Não temos meios suficientes de reconhecimento, e me parece que a construção prioritária de um porta-aviões nesta situação simplesmente não tem lógica. [...] Portanto, mesmo que a Coreia do Sul construa seu porta-aviões, teremos que contar com os sistemas de inteligência americanos. Mas, neste caso, é difícil dizer que é um navio sul-coreano. Será essencialmente um navio americano", observa Park Jong Chol, professor da Universidade Nacional de Gyeongsang, Coreia do Sul, à Sputnik.

Em sua opinião, a Marinha da Coreia do Sul tem outras prioridades e formas de aumentar seu poder. De uma perspectiva de gerenciamento de caças, é mais importante para Seul não comprar aviões de pouso vertical, mas sim aumentar o número de caças F-35A de quinta geração, já que o Japão tem o dobro destes aparelhos.

"Tendo em conta que tudo isto está relacionado à transição do comando em tempo de guerra, parece que vamos pagar por meio desses porta-aviões, em vez de ser por precisarmos deles. O plano do Ministério da Defesa, na minha opinião, reflete mais de perto a posição dos EUA, que defendem a ideia de transferir os direitos de comando em troca da compra de armas americanas", enfatiza Chol.

Por isso, acredita o especialista, o anúncio dos planos de construir um porta-aviões leve é mais um desejo do governo sul-coreano de preservar a paz na península coreana a todo o custo do que uma estratégia militar.

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