Oumuamua não pode ser um "iceberg de hidrogênio", garante um novo estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal of Letters em 17 de agosto. Essa teoria do iceberg de hidrogênio tinha sido sugerida meses atrás, também na The Astrophysical Journal of Letters.
Publicado em 9 de junho, o estudo desenvolvido pelos astrofísicos Darryl Seligman e Gregory Laughlin, ambos da Universidade de Yale, EUA, sugere que o Oumuamua é uma acumulação de hidrogênio, formado em nuvens moleculares gigantes, a 17 mil anos-luz de distância da Terra. De acordo com os autores, isso explicaria a forma alongada incomum e a aceleração não gravitacional do corpo celeste.
Todavia, este novo estudo dos astrofísicos Thiem Hoang, do Instituto de Astronomia e Ciência Espacial da Coreia do Sul, e Abraham Loeb, da Universidade de Harvard, EUA, contesta essa teoria. A dupla explica que os icebergs de hidrogênio não seriam capazes de sobreviver a viagens espaciais de centenas de milhões de anos, uma vez que seriam despedaçados, cozidos pela luz das estrelas.
"A proposta de Seligman e Laughlin parecia promissora porque poderia explicar a forma extremamente alongada do Oumuamua, bem como a aceleração não gravitacional. No entanto, a teoria deles é baseada na suposição de que o gelo H2 pode se formar em nuvens moleculares densas. Se isso for verdade, objetos de gelo H2 podem ser abundantes no Universo e, portanto, teriam implicações de longo alcance", comenta Hoang, em comunicado divulgado pelo Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard.
Um dos autores da teoria do iceberg de hidrogênio concorda com a análise: "os icebergs de hidrogênio não vivem tanto tempo na galáxia […] E você definitivamente não tem tempo para ir até a nuvem molecular gigante mais próxima", reconheceu Seligman no portal científico Live Science.
Misterioso corpo celeste
Oumuamua, o primeiro corpo celeste de outro sistema solar a passar pelo nosso, despertou entusiasmo em astrofísicos por ter uma forma estranha, semelhante a um charuto, uma superfície seca e um movimento intrigante. Stephen Hawking e outros especialistas não excluíram a origem extraterrestre dele.
O Oumuamua foi descoberto por um telescópio no Havaí em outubro de 2017, quando estava a 30 milhões de quilômetros da Terra.