"O pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega [a COVID-19] em um bundão de vocês, a chance de sobreviver é bem menor", declarou ele no evento Brasil superando a COVID-19, realizado no Palácio do Planalto, em Brasília.
Ao dizer que a imprensa "zomba" dele e o persegue, Bolsonaro referia-se às críticas recebidas ao afirmar que não teria problemas se estivesse infectado com a COVID-19 porque tinha um "histórico de atleta", além de ter chamado a doença de "gripezinha".
No domingo (23), Bolsonaro ameaçou um repórter do jornal O Globo que lhe perguntou sobre os supostos esquemas de corrupção em sua família, envolve o ex-assessor e amigo pessoal Fabrício Queiroz e a sua mulher, Michelle Bolsonaro, cuja conta recebeu depósitos do ex-PM.
"Minha vontade é encher sua boca com uma porrada, tá? Seu safado!", falou o presidente.
Há semanas, a revista Crusoé divulgou que Queiroz depositou cerca de R$ 89 mil em cheques na conta da primeira-dama entre 2011 e 2016. O período coincide com o de uma investigação em que as autoridades suspeitam que o ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, fazia parte de um esquema para desviar dinheiro público do gabinete de Flávio quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro.
"O sistema Globo vem me perseguindo há pelo menos dez anos e eles não conseguiram provar nada contra mim", escreveu Jair Bolsonaro no Twitter, que também contra-atacou, acusando a emissora de suposta corrupção por conta da delação de um doleiro contra a família Marinho, que negou as acusações.
Centenas de milhares de internautas, políticos e personalidades culturais expressaram sua solidariedade ao jornalista agredido pelo presidente no domingo (23) e replicaram a pergunta que tirou o líder bolsonarista do sério: "Presidente Jair Bolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?".
No evento desta segunda-feira (24), o presidente também criticou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a quem demitiu no início da pandemia, e defendeu o uso dos medicamentos hidroxicloroquina e cloroquina para pacientes com COVID-19 – ambos já descartados pela comunidade científica pela sua ineficácia contra a doença.
O Brasil soma mais de 115 mil mortes pelo novo coronavírus desde o início da pandemia e mais de 3,6 milhões de casos confirmados, e nas últimas semanas morrem em média mil brasileiros todos os dias.