"O tempo está passando apenas no universo alternativo paralelo de Pompeo!", exclamou Saeed Khatibzadeh, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã. "Isso acontece quando um ex-espião mestre lidera a diplomacia dos EUA", opinou ele, referindo-se à carreira anterior do secretário de Estado na CIA.
Esta semana, o presidente do Conselho de Segurança da ONU, Dian Triansyah Djani, disse que o retorno das sanções é improvável, já que 13 dos 15 Estados membros lembraram que os EUA não têm legitimidade para fazê-lo, tendo saído do Plano Conjunto de Ação Integral (JCPOA). Em meados de agosto, a ONU também se recusou a apoiar a oferta de Washington de estender um embargo de armas ao Irã para além de sua expiração em outubro.
A recusa embaraçosa não impediu Pompeo de anunciar um prazo de três semanas para o reajuste das sanções.
"Se qualquer membro do Conselho de Segurança da ONU apresentar uma resolução para continuar com o alívio das sanções, os EUA se oporão a ela. Se nenhuma resolução for apresentada, as sanções ao Irã ainda retornarão em 20 de setembro", escreveu Pompeo no Twitter na quinta-feira (28).
Em suas últimas publicações, Pompeo afirmou que os EUA têm o direito de acionar o retorno das sanções de acordo com a resolução 2231 do Conselho de Segurança. O documento nomeia formalmente Washington como participante do acordo de 2015, mas a relevância da cláusula é duvidosa, já que o governo Trump abandonou o acordo em 2018.
Pompeo, que insiste que o mecanismo é legal sob o pacto, não parece ser um grande fã dele. Este mês, ele o rotulou de "unilateral" e "tolo" e disse que apenas consagrava o "comportamento maligno" do Irã.
As sanções da ONU - que Washington quer reviver - foram postas em prática na década de 2010 para conter o programa nuclear do Irã. O levantamento dessas medidas representou um renascimento da atividade econômica no Irã, com o país se abrindo ao comércio internacional, aos investimentos e ao diálogo político.
Após a retirada dos EUA, o Irã deixou de cumprir alguns de seus compromissos e começou a enriquecer urânio além das limitações do acordo.
Simultaneamente, sinalizou a disposição de permanecer dentro do acordo, embora tenha entrado em conflito com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU em inspeções internacionais - até que um acordo foi alcançado para permitir o monitoramento de duas partes dentro do Irã, para conter material nuclear.