Maia condenou a ida de Mike Pompeo a Roraima. O funcionário do governo Trump esteve em Boa Vista na sexta-feira (18), onde visitou instalações da Operação Acolhida na fronteira com a Venezuela, e também se reuniu com o chanceler brasileiro.
O presidente da Câmara afirmou que a vinda de Pompeo, "no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa".
Rodrigo Maia: visita de Pompeo 'afronta' tradições da política externa brasileirahttps://t.co/8ELs21wmWq
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) September 18, 2020
Por meio de nota publicada nesse sábado (19) no site do Itamaraty, Ernesto Araújo afirmou que a declaração de Maia "baseia-se em informações insuficientes e em interpretações equivocadas".
O ministro brasileiro também enalteceu a atuação dos Estados Unidos em relação à Venezuela, afirmando que Washington já doou "50 milhões de dólares para a Operação Acolhida e que, no dia de ontem, o secretário Mike Pompeo anunciou a doação de mais 30 milhões de dólares para essa operação".
"Trata-se de quantia vultuosa, tendo em vista que o governo brasileiro já dispendeu 400 milhões de dólares com a Operação Acolhida. Os EUA já dedicaram igualmente quantias expressivas para ajudar no acolhimento de imigrantes e refugiados venezuelanos na Colômbia e em outros países. Brasil e Estados Unidos, portanto, estão na vanguarda da solidariedade ao povo venezuelano, oprimido pela ditadura Maduro", disse o chanceler.
'Triste história da diplomacia brasileira'
Araújo disse ainda, em referência às palavras usadas por Maia, que "não há 'autonomia e altivez' em ignorar o sofrimento do povo venezuelano ou em negligenciar a segurança do povo brasileiro".
O chanceler afirmou que "autonomia e altivez" era "romper uma espiral de inércia e silêncio cúmplice, ou de colaboração descarada", com os "crescentes desmandos do regime Chávez-Maduro". Ele continuou criticando o comportamento da política externa brasileira em relação à Venezuela entre 1999 e 2018.
"A triste história da diplomacia brasileira para a Venezuela entre 1999 e 2018 constitui exemplo de cegueira e subserviência ideológica, altamente prejudicial aos interesses materiais e morais do povo brasileiro e a toda a América Latina", afirmou o ministro.
Ao fim, Araújo defendeu a parceria com os EUA como forma de "defender nossos interesses mais urgentes e nossos valores mais caros".
"Buscar a paz não significa acovardar-se diante de tiranos e criminosos. A independência nacional não significa rejeitar parcerias que nos ajudem a defender nossos interesses mais urgentes e nossos valores mais caros", afirmou.
Tour de Pompeo
Antes de visitar o Brasil, Pompeo esteve no Suriname e na Guiana. Após visitar Roraima, ele seguiu para a Colômbia. O giro do secretário de Estado teve como principal objetivo discutir a situação na Venezuela, que realizará eleições parlamentares em dezembro.
Os Estados Unidos e o Brasil não reconhecem a vitória do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nas eleições de 2019, e apoiam o autoproclamado presidente interino da Venezuela, o opositor Juan Guaidó.