As autoridades da república não reconhecida de Nagorno-Karabakh informaram no domingo (4) que, em resposta ao bombardeio por Baku da sua capital, Stepanakert, suas forças atacaram instalações militares em várias cidades do Azerbaijão, destruindo o aeródromo militar de Ganja, no noroeste do país.
"O aeródromo militar de Ganja foi pelos ares", escreveu no Facebook o secretário de imprensa do presidente da república não reconhecida, Vagram Pogosyan.
O alto responsável declarou que, depois do bombardeio contra Stepanakert por parte das forças azeris, instalações militares em grandes cidades do Azerbaijão foram alvo de ataques do Exército de Defesa da república, exortando a população a deixar essas cidades.
O Ministério da Defesa do Azerbaijão, por sua vez, anunciou no domingo (4) que as Forças Armadas armênias haviam bombardeado a cidade de Ganja. O órgão também afirmou ter havido lançamento de mísseis contra as cidades azeris de Terter e Goradiz, localizadas perto da linha de contato.
1 civilian killed and 4 injured as the result of the missile strike by the #Armenia/n army on dense residential areas of #Ganja, the 2nd largest city of #Azerbaijan, 60 km away from the Armenian border. Evidence of heavy damage to the city.#StopArmenianAggression #WarCrimes pic.twitter.com/oSuhkANUuq
— MFA Azerbaijan 🇦🇿 (@AzerbaijanMFA) October 4, 2020
Um civil morreu e quatro ficaram feridos em resultado do ataque de mísseis pelas Forças Armadas da Armênia contra áreas residenciais densamente povoadas de Ganja, a segunda maior cidade do Azerbaijão, a uma distância de 60 quilômetros da fronteira com a Armênia. [Aqui estão] evidências de danos graves na cidade.
"No momento, as Forças Armadas armênias lançam ataques com mísseis contra as cidades de Terter e Goradiz localizadas no distrito de Fizuli [sudoeste do Azerbaijão] a partir de Xankendi [Stepanakert em azeri]", diz o portal do Ministério, informando que o Exército do Azerbaijão está tomando "medidas de resposta adequadas", e que Ganja também está sendo atacada pelas Forças Armadas da Armênia.
Shushan Stepanyan, a porta-voz do Ministério da Defesa da Armênia, negou o sucedido.
"O Ministério da Defesa armênio informa oficialmente que não está sendo feito qualquer fogo a partir do território da Armênia contra o Azerbaijão", escreveu Stepanyan no Facebook.
Mais tarde no domingo (4), Araik Arutyunyan, o presidente da república não reconhecida de Nagorno-Karabakh, disse ter ordenado a suspensão do ataque de mísseis contra instalações militares do Azerbaijão em Ganja.
"Por minha ordem, hoje o Exército de Defesa lançou vários ataques com mísseis a fim de neutralizar instalações militares localizadas na cidade de Ganja. Neste momento, ordenei interromper o fogo para evitar vítimas civis inocentes. Se o inimigo não tirar as conclusões apropriadas, continuaremos com ataques poderosos e proporcionais, destruindo o exército e a retaguarda do inimigo", escreveu no Facebook.
De acordo com ele, Nagorno-Karabakh "se mantém firme nas suas ações até o fim".
O Ministério da Defesa da Armênia declarou anteriormente que o Azerbaijão tinha atingido instalações civis em Stepanakert.
Conflito com mais de 30 anos
A situação em torno da república não reconhecida voltou a se agravar no domingo (27), com Baku e Erevan se acusando mutuamente de escalar o conflito. Na Armênia foi introduzida a lei marcial e mobilização geral, com os homens de 18 a 55 anos sendo proibidos de deixar o país. O Azerbaijão declarou o toque de recolher e uma mobilização parcial.
O conflito na região começou em fevereiro de 1988, quando a Região Autônoma de Nagorno-Karabakh anunciou sua separação da República Socialista Soviética do Azerbaijão.
Baku perdeu o controle sobre Nagorno-Karabakh e sete distritos vizinhos entre 1992 e 1994 como resultado do confronto armado. Desde 1992, as negociações para a solução pacífica do conflito têm sido conduzidas pelo Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, liderado por três países: Rússia, EUA e França.
Nas últimas semanas, Erevan e Baku se acusaram mutuamente de violar o cessar-fogo de 1994 e causar vítimas civis. Em meio ao reinício do conflito em Nagorno-Karabakh, os chefes de Estado russo, norte-americano e francês instaram as partes a retomar as negociações e exigiram o fim das hostilidades.