Durante escavações na cidade e comuna francesa de Pontarlier, leste do país, perto da fronteira com a Suíça, arqueólogos encontraram restos de um assentamento de francos, que desapareceram tão repentinamente quanto apareceram, detalha uma pesquisa publicada no portal do Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica Preventiva da França.
Os cientistas concluíram que o assentamento foi fundado no século VI d.C., perto da cidade Pontarlier, que era uma parada estratégica na travessia do Maciço do Jura, entre França, Suíça e Alemanha, e era bastante grande para aquela época. Até agora os arqueólogos escavaram cerca de dez grandes edifícios retangulares de 200 a 300 metros quadrados cada, assim como a necrópole, onde encontraram quatro tumbas.
Os edifícios incluíam postes de apoio de quase um metro de diâmetro, e divisão provável do espaço a metade entre humanos e animais, devido à presença de uma área de corte de gado de várias centenas de metros quadrados. Os habitantes da aldeia usavam a criação de bois e cavalos para sustentar sua economia.
Arquitetura como essa é pouco documentada na Europa, sendo apenas encontrada na Suíça germanófona e na Baviera, sudeste da Alemanha.
Também foi registrada a presença na época de uma igreja basílica de madeira, de cerca de 20 metros de comprimento e 14 metros de largura, cuja construção não possui análogas nas áreas circundantes, com quatro túmulos dentro do edifício. Além desses, foram encontradas 70 sepulturas espalhadas por toda a aldeia.
Conclusões
Segundo os pesquisadores, o povoado era habitado por pessoas ricas, como indica uma grande coleção de joias encontradas nos túmulos, e era um centro administrativo. Sua fundação corresponde à conquista do Reino da Borgonha pelos francos, o que deve ter levado à transferência de populações para a aldeia.
A equipe de pesquisa também descobriu que cerca de 150 a 200 anos após sua fundação, presumivelmente no final do século VII, os habitantes deixaram o assentamento muito rapidamente. Os arqueólogos não encontraram vestígios de um ataque ou um grande incêndio, considerando prováveis causas outra migração em massa, desenvolvimento geopolítico ou mudança no modelo econômico de subsistência.
A região tem sido escavada desde 2011, tendo anteriormente revelado um assentamento mesolítico (de 15.000 a.C. a 5.000 a.C.).
O período pós-romano a partir do século V foi marcado por uma desintegração do Império Romano Ocidental, onde se concentrava Roma e as províncias ocidentais, com invasões de povos germânicos, alterações climáticas, crise econômica e outros fatores contribuindo para uma constante realocação de povos, chamada de período das migrações.