Em Western Ghats, uma cadeia montanhosa da Índia, no estado de Kerala, foi encontrado em 2019 um enigmático peixe muito parecido com a espécie conhecida como cabeça-de-cobra, da família dos Channidae.
Batizado como Aenigmachannidae Gollum, o peixe foi submetido a um detalhado exame por parte de uma equipe internacional de cientistas da Índia, Alemanha, Reino Unido e Suíça, que concluíram que se tratava de uma espécie até agora desconhecida, informa um comunicado do Museu de História Natural de Berna (Suíça).
Único por suas delicadas escamas e barbatanas, o exemplar foi considerado um "fóssil vivo" das águas subterrâneas de Kerala.
Em particular, se ressalta que seu comportamento e características não evoluíram muito durante os 100 milhões de anos que durou a deriva do subcontinente indiano para o norte, após a ruptura do continente Gondwana, há 200 milhões de anos, conforme detalha um estudo publicado pela revista Scientific Reports.
"Parece verosímil que os Aenigmachannidae sejam uma linhagem evolutiva que sobreviveu à desintegração do supercontinente Gondwana, e logo migrou para o norte com o subcontinente indiano. Portanto, estes animais podem ser chamados de 'fósseis vivos', já que ainda apresentam muitas características primitivas", salientou Lukar Tiver, curador da seção de peixes do museu.
Já em perigo de extinção
Os ecossistemas subterrâneos de Kerala abrigam algumas das espécies de peixes mais estranhas do planeta, como o Horaglanis krishnai, o Kryptoglanis Shajii, o Aenigmachanna gollum e o Monopterus digressus, segundo o estudo.
Muitos deles são cegos, não têm pigmentos, com características morfológicas peculiares que não são encontradas nos peixes da superfície. Nos últimos anos foram descobertas em Kerala aproximadamente dez espécies de peixes subterrâneos deste tipo, indica o portal Print.
Infelizmente, esses ecossistemas se encontram sob grave ameaça devido à extração indiscriminada de águas subterrâneas, a contaminação e a introdução de espécies invasoras em poços, diz Neelesh Dahanukar cientista do Instituto Indiano de Educação e Pesquisa Científica, um dos coautores do estudo, citado pelo portal.