O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, advertiu a União Europeia que ao menos que ocorram mudanças fundamentais em sua abordagem em relação às negociações comerciais pós-Brexit com o Reino Unido, Londres pode escolher não fechar o acordo. O primeiro-ministro pontuou que as empresas britânicas devem se preparar para que este cenário se concretize em 2021 e insistiu para que "seja feito com grande confiança".
"Concluí que devemos nos preparar para 1º de janeiro com uma estruturação mais parecida com a da Austrália, baseada em princípios simples de livre comércio global", disse o primeiro-ministro britânico a jornalistas nesta sexta-feira (16), publicou a Reuters.
Johnson teceu ainda mais críticas a Bruxelas por supostamente abandonar a ideia do acordo de livre comércio, acrescentando que tudo que Londres buscava era um acordo comercial semelhante ao que o bloco tem com o Canadá.
"Está ficando claro que a UE não quer fazer o tipo de acordo com o Canadá que originalmente pedimos. Parece curioso que, após 45 anos de nossa adesão, eles possam oferecer ao Canadá termos que não nos oferecem", disse Johnson.
Bruxelas intensificará as negociações
A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reagiu às declarações de Johnson, dizendo que o bloco enviará uma equipe de negociação a Londres na próxima semana, a fim de intensificar os ajustes comerciais. Ela acrescentou que a UE continuará trabalhando no acordo, mas que não planeja fechar um a qualquer custo.
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, sugeriu anteriormente em uma entrevista à BBC que o principal problema nas negociações entre o Reino Unido e a UE agora é a falta de "flexibilidade" por parte da União Europeia.
Segundo ele, as duas principais questões não resolvidas são os direitos de pesca e o estabelecimento de um conjunto de regras que garantam "igualdade de condições" para as economias do Reino Unido e do bloco europeu.
A UE, por sua vez, expressou uma preocupação crescente no que diz respeito à vantagem que a economia britânica possa receber por desviar seus padrões ambientais, alimentares e de locais de trabalho dos pertencentes do bloco.
Bruxelas também condenou o governo do Reino Unido por apresentar e a Câmara dos Comuns aprovar o projeto de lei do mercado interno, que, na opinião da UE, contradiz as disposições do acordo Brexit negociado anteriormente. Londres, em retorno, alega que o projeto de lei, que ainda não foi sancionado, serve de proteção no caso de a UE agir de forma inadequada após o acordo comercial ser fechado.