Oficiais de segurança do governo chinês alegaram que os Estados Unidos realizaram pelo menos 100 operações desta natureza ao longo deste ano, e que uma aeronave de reconhecimento RC-135 da Força Aérea dos EUA realizou operações alterando os códigos de identificação atribuindo-o a aeronaves civis da Malásia, enquanto o avião militar circulava o espaço aéreo internacional entre Hainan e as ilhas Paracel.
A Força Aérea americana negou que disfarce de avião espião tenha ocorrido. O general Kenneth Wilsbach, comandante da Forças Aéreas do Pacífico, assegurou que a Força Aérea norte-americana não "falsificou" os sinais do transponder de aeronaves civis, e disse que todos os voos de reconhecimento seguiram as regras internacionais, segundo o jornal Asia Times.
Mark J. Valencia, especialista em política marítima, afirmou que as aeronaves de coleta de inteligência Boeing RC-135W e E-8C da Força Aérea dos EUA têm estruturas semelhantes às do avião civil Boeing 707-200, e que aviões militares, às vezes, seguem rotas comerciais.
"O código de identificação deles é o que ajuda a distingui-los nos sensores remotos", escreveu Valencia para o The National Interest. "Quando a China detecta um avião espião, seus meios militares provavelmente ficam em silêncio. Mas com uma 'bandeira falsa', o avião espião pode enganá-los para que continuem em atividade e as comunicações podem ser monitoradas. De acordo com as normas internacionais, aeronaves civis não devem ser abatidas, e os EUA podem estar apostando nisso e se aproveitando, ironicamente, da adesão da China às mesmas."
Pequim afirmou que pelo menos 60 aeronaves militares americanas realizaram voos de reconhecimento perto da China em setembro, e que os EUA estão se preparando ainda mais para missões de longa distância na região nos próximos meses.
Tais afirmações são suportadas por um relatório do think-tank SCSPI apoiado pelo governo chinês, que foi lançado no início desta semana em uma reportagem do South China Morning Post. O relatório alega que as atividades de reabastecimento aéreo por aeronaves militares dos EUA mostraram um aumento acentuado no mês passado e sugeriu que os Estados Unidos poderiam estar se preparando para ataques de longa distância contra alvos no mar do Sul da China.
O South China Morning Post também informou que houve 13 voos de reconhecimento conduzidos no mar Amarelo e três no mar da China Oriental, que ocorreram quando os militares chineses estavam conduzindo exercícios. Em agosto, Pequim emitiu um protesto severo depois de um avião de reconhecimento U-2 Dragon Lady ter sobrevoado a chamada "zona de exclusão aérea" durante um exercício militar chinês no mar de Bohai, a extensão noroeste e interna do mar Amarelo.