A primeira pesquisa é de autoria da cientista da agência espacial norte-americana (NASA) e da Universidade do Havaí (EUA), Casey Honniball.
Segundo a especialista, as partículas foram encontradas na face iluminada da Lua e "são apenas moléculas de água – porque estão tão espalhadas que não interagem umas com as outras para formar gelo ou estar na forma líquida".
Até agora, os pesquisadores só haviam detectado água na forma de gelo em áreas da superfície lunar onde o Sol nunca bate, cujas temperaturas podem atingir 184 graus Celsius negativos.
O lado iluminado do satélite natural da Terra, por sua vez, tem uma temperatura que pode ser superior a 200 graus Celsius. Segundo o estudo, é mais provável que essas moléculas de água estejam na forma de vapor preso no solo.
A água encontrada pelo experimento está localizada na Cratera Clavius, no hemisfério sul do satélite natural, e equivale a 350 mililitros em um metro cúbico de solo.
💦🌚 Water molecules were found in Clavius Crater, one of the largest craters visible from Earth on the Moon! This discovery from our @SOFIAtelescope indicates that water may be distributed across the surface, & not limited to cold, shadowed places. More: https://t.co/oIcCbbl50Y pic.twitter.com/Q5Ve6QwZJM
— NASA (@NASA) October 26, 2020
Moléculas de água foram encontradas na Cratera Clavius, uma das maiores crateras da Lua visíveis da Terra! Essa descoberta do telescópio SOFIA indica que a água pode estar distribuída ao longo da superfície, e não limitada aos lugares mais frios e escuros.
A descoberta foi realizada através de dados coletados pelo Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha (SOFIA, na sigla em inglês), uma iniciativa conjunta entre a NASA e o Centro Aeroespacial da Alemanha. O experimento consiste em uma aeronave Boeing 747SP modificada com um telescópio de 2,74 metros, que voa a grande altitude na atmosfera e consegue captar uma visão mais ampla do espaço.
Água congelada em pequenas crateras
O outro estudo foi realizado pela Universidade do Colorado em Boulder, também nos Estados Unidos, sob responsabilidade de Paul Hayne, e utilizou imagens do Orbitador de Reconhecimento Lunar (LRO, na sigla em inglês) da NASA.
Since then, numerous missions, including Lunar Reconnaissance Orbiter, LADEE, and LCROSS, have detected OH/H2O in some of the Moon’s darkest regions, craters at the poles that never see sunlight. These areas are so cold that water in them can’t evaporatehttps://t.co/BFGBS1H6NN
— NASA Moon (@NASAMoon) October 26, 2020
Sabemos há mais de uma década que a hidroxila (OH e/ou H2O) existe na Lua, desde a detecção das missões Cassini, Deep Impact, e ISRO's Chandrayaan-1, mas essas missões não conseguiram separar o sinal de OH para um de H2O.
Desde então, diversas missões, entre elas a LRO, a LADEE e a LCROSS, detectaram OH/H20 em algumas das regiões mais escuras da Lua, crateras nos polos que nunca viram a luz do Sol, essas áreas são tão frias que a água presente nelas não pode evaporar.
Nessa pesquisa, os cientistas mapearam diversas crateras e áreas da superfície lunar, de pequeno tamanho, que seriam extremamente frias e teriam capacidade para armazenar água na forma de gelo. Hayne e seus colegas estimam que a soma de todas essas áreas é de aproximadamente 40 mil km².
Após a confirmação da presença de água na Lua, os pesquisadores tentam agora descobrir como essa água teria chegado ao satélite natural da Terra. Há duas hipóteses principais: as moléculas podem ser resultado do hidrogênio trazido de diversas partes do Sistema Solar por ventos solares, ou a água chegou através de pequenos meteoritos que se chocaram com a Lua durante milhões de anos.