Segundo uma reportagem publicada pelo jornal South China Morning Post nesta quinta-feira (29), o acordo comercial recém assinado entre China e Tanzânia, na segunda-feira (26), faz parte da promessa de Pequim de apoiar as nações africanas, feita durante o Fórum de Cooperação China-África em 2018.
Atualmente, as importações da China na África são predominantemente de recursos naturais, como petróleo bruto, cobre, cobalto, minério de ferro e diamantes.
Pequim é também o principal comprador de sementes de gergelim da Tanzânia, respondendo por 80% das exportações do país africano.
Em troca, a África importa maquinário, eletrônicos e bens de consumo manufaturados da China.
De acordo com o especialista ouvido pela publicação do jornal chinês, um dos anseios de Pequim ao fazer o acordo é reduzir sua dependência de países como EUA e Brasil.
A publicação não cita especificamente o comportamento do presidente Bolsonaro como uma razão para que a China busque novos parceiros comerciais.
Porém, diante da cruzada do brasileiro contra a vacina chinesa e a questão envolvendo a tecnologia de 5G, a inciativa de Pequim pode afetar negativamente a economia brasileira.
Dependência?
A China foi a principal fonte de contribuição para o superávit da balança comercial do Brasil, com importações de US$ 21,9 bilhões no acumulado de 2020 até julho, segundo dados do Boletim de Comércio Exterior (Icomex), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Segundo o Ibre, a participação da China nas exportações e nas importações brasileiras superou a dos principais parceiros no acumulado do ano até julho. Nas exportações, a participação chinesa alcançou 34,1%. A União Europeia, que ficou em segundo lugar, atingiu 13,4%.
Os chineses compraram 9,79 milhões de toneladas de soja em setembro, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. Cerca de três quartos dessas importações vieram do Brasil - o maior produtor e exportador de soja - enquanto os EUA forneceram 12%.
Com relação aos EUA, é importante lembrar que a China assinou recentemente um acordo comercial com os norte-americanos.
Espera-se que Pequim aumente suas importações de soja dos Estados Unidos como parte de seu compromisso de comprar ao menos US$ 200 bilhões em bens e serviços durante o prazo de dois anos.