Em meio ao enfrentamento contínuo entre Armênia e Azerbaijão, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse nesta terça-feira (3) que o número de combatentes estrangeiros na região disputada se aproxima de dois mil.
"Nós pedimos reiteradamente aos atores externos que usem suas capacidades para prevenir a transferência de mercenários, cujo número na zona de conflito, segundo as informações disponíveis, se aproxima de 2.000. Em particular, essa questão foi levantada [pelo presidente russo Vladimir] Putin em uma conversa telefônica com o presidente turco [Recep Tayyip] Erdogan em 27 de outubro e durante as conversas regulares com os líderes de Azerbaijão e Armênia", disse Lavrov em entrevista ao jornal russo Kommersant.
O ministro acrescentou que ainda não foi acordado um mecanismo para monitorar o cessar-fogo em Nagorno-Karabakh.
Armênia quer saber o tipo de ajuda e sua proporção que a Rússia pode prestar ao país em Nagorno-Karabakhhttps://t.co/PIZsFBoQgR
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) October 31, 2020
"A declaração adotada após as conversas em Moscou no dia 10 de outubro afirma que os parâmetros específicos para a observação do cessar-fogo seriam acordados depois. É muito difícil […] Até agora, não foi possível chegar a um acordo sobre todos os parâmetros. O trabalho continua, inclusive no âmbito da copresidência do Grupo de Minsk da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa]", disse o chefe da diplomacia russa.
Segundo Lavrov, tanto Baku como Erevan deveriam concordar com os termos de tal mecanismo, que deveria ser aplicado o mais cedo possível.
O ministro acrescentou que Moscou é favorável a trabalhar para a resolução do conflito com nações que estão fora do Grupo de Mediação de Minsk da OSCE para Nagorno-Karabakh, que é copresidido por França, Rússia e Estados Unidos.
"Somos a favor de trabalhar com todos os parceiros, inclusive os vizinhos das partes, que têm a oportunidade de influenciar os protagonistas, de forma a criar condições para se chegar a uma solução diplomática alinhada com os princípios básicos de acordo promovidos pelos copresidentes em contatos com Baku e Erevan", disse Lavrov, ao ser questionado sobre uma proposta para a criação de um novo formato de negociação com Rússia, Turquia, Armênia e Azerbaijão entre os participantes.
O ministro também disse que a Rússia nunca esteve a favor de uma solução militar para o conflito em Nagorno-Karabakh e pediu para ambas as partes o fim das hostilidades.