Após o anúncio do fim da recessão no país, na última segunda-feira (16), o Ibovespa, indicador de referência da bolsa de valores oficial do Brasil, a B3, encerrou aos 106.430 pontos, com alta de 1,63%, atingindo o nível mais alto desde 4 de março, quando fechou em 107.224 pontos.
Também ontem (16), o dólar comercial teve recuo de R$ 0,038 (-0,69%), fechando a R$ 5,437.
Os números relativamente melhores na bolsa estão sendo atribuídos a uma euforia causada pelo anúncio de novos resultados promissores com mais uma vacina que está sendo testada contra a COVID-19, doença responsável por uma profunda crise mundial em 2020, não apenas em termos sanitários, mas também econômicos.
Moderna diz que vacina contra COVID-19 obteve 94,5% de eficáciahttps://t.co/vcDiTyIsAa
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Em entrevista à Sputnik Brasil, o gestor financeiro William Teixeira, especialista em renda variável do Escritório Messem Investimentos, explica que a reação dos investidores, verificada na bolsa brasileira, é completamente normal e esperada. Segundo ele, o mercado, neste momento, está tentando precificar como ficará a economia brasileira e a global em um cenário pós-pandemia, que estaria diretamente ligado à descoberta de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus.
"A gente entende que uma notícia dessa magnitude é suficiente para movimentar o mercado", afirma. "Os investidores estão tentando antecipar esse movimento, entendendo quais empresas vão se beneficiar no fim dessa crise sanitária."
"Na verdade, ao longo do ano, nós vemos que existe um acúmulo de perda de 4,9%. Então, a economia brasileira ainda não está bem", destaca o economista Istvan Kasznar, professor da Fundação Getulio Vargas https://t.co/aQIXhwpCQ5
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Teixeira destaca que, com a pandemia em curso, muitas empresas ainda se encontram com seus ativos defasados, com 20% a 40% de queda em relação ao início do ano. Mas, com uma perspectiva de melhora, esses ativos começam a receber, de novo, aporte de investidores, "que, ao invés de deixarem seu dinheiro lá, em uma renda fixa, buscam comprar ativos", apostando que, com o término da pandemia, estes voltarão a valer, pelo menos, o que valiam no início do ano.
Para o especialista, o otimismo verificado ontem (16) pode se repetir à medida que forem divulgadas novas notícias sinalizando esperanças com a possibilidade de o surto da COVID-19 acabar.
"No momento do auge da pandemia, se trocou muito de papéis. A bolsa brasileira e a mundial acabaram mudando um pouco de característica, vendendo papéis de valor e comprando papéis de crescimento [negócios que poderiam aumentar de valor facilmente e ajustados ao cenário]", argumenta. "O que está havendo agora é uma inversão dessa posição, mercado vendendo empresas de crescimento e comprando empresas de valor, empresas já consolidadas, que entregam bons resultados e que, dificilmente, vão dobrar de tamanho da noite para o dia."
Ministério da Economia melhora projeção de queda do PIB em 2020https://t.co/YE9V4gkKrV
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As empresas de valor são, hoje, as que têm mais peso no Ibovespa. E a grande maioria, segundo o gestor financeiro, ainda apresentam um resultado negativo em 2020.
"A gente está vendo esse movimento também nos Estados Unidos, saindo bastante de empresas de tecnologia, e indo de volta para bancos, para o setor produtivo."
De acordo com o funcionário do Escritório Messem Investimentos, essa tendência positiva pode se manter até o final do ano, fazendo com que a bolsa brasileira se recupere.