Em 2014, a maior mineradora nacional, Buena Vista del Cobre, do Grupo México, localizada em Cananea, despejou 40 mil metros cúbicos de sulfato de cobre acidificado nos rios Bacanuchi e Sonora, no noroeste do país, afetando 22.878 residentes.
Um ano mais tarde, as autoridades mexicanas multaram o Grupo México em um montante próximo a US$ 1,4 milhão (aproximadamente R$ 7,5 milhões), representando apenas 0,09% dos lucros que o Grupo México obteve no mesmo ano em que o derramamento ocorreu.
A empresa ainda não cumpriu com os compromissos de reparação dos danos, enquanto o governo mexicano continua sem a punir pelo não cumprimento.
Uma questão de saúde pública
A Comissão Federal de Proteção contra Riscos Sanitários (Cofepris) reconheceu por meio de carta enviada aos Comitês da Bacia do Rio Sonora, e em parceria com a organização PODER, que após novas amostragens realizadas em 2020, a água para consumo humano nos sete municípios afetados continua extremamente contaminada com metais pesados, principalmente arsênio e chumbo.
De acordo com a amostragem do Cofepris, realizada em março, 98,28% dos 59 poços e residências estudados ultrapassam os limites de arsênio, enquanto 35,42% das residências analisadas superam os níveis de chumbo estabelecidos pelos padrões mexicanos.
Outra amostragem, realizada em julho, revela que dos 69 poços e residências cadastradas, 89,85% e 57,81%, respetivamente, superam as quantidades de arsênio e chumbo permitidas pela legislação.
Deste modo, a Cofepris infere que tamanhas quantidades de metais pesados na água para consumo podem causar problemas de saúde às populações residentes.
Vidas e danos sem reparo
Diante dos novos dados, os moradores da região exigem que as três esferas de governo tomem medidas para evitar o envenenamento contínuo de várias comunidades.
Ramón Miranda, membro dos Comitês da Bacia do Rio Sonora e residente da cidade de Aconchi, fala com revolta, questionando-se sobre "o que tem que acontecer para as autoridades fazerem alguma coisa? São os dados, de mais de um ano, de seis anos [...] e agora os novos dados que vêm nos dizer o que já sabemos: a água que bebemos está nos envenenando, e as autoridades não estão fazendo nada de concreto para evitá-lo".
Em dezembro de 2019, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, prometeu tomar providências sobre o assunto, mas até o momento, o governo federal não tomou medidas concretas para remediar os altos níveis de poluentes lançados na água na região.