Um alto funcionário do governo norte-americano disse que Israel estava por trás do assassinato do principal cientista nuclear iraniano, mas se recusou a dar detalhes sobre se o governo Trump sabia do ataque antes que ele fosse realizado ou se forneceu apoio, informou a rede de TV a cabo CNN.
O funcionário disse que os israelenses compartilharam informações com os Estados Unidos sobre seus alvos e operações secretas antes de realizá-las, mas nada diriam se o fizessem. O cientista nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh, que foi morto na sexta-feira (27), era um alvo para os israelenses há muito tempo, acrescentou o funcionário.
O Irã culpou Israel pelo ataque e comentou que a operação tinha as marcas do serviço secreto israelense, o Mossad. Embora o Irã não tenha fornecido provas do envolvimento israelense, Jerusalém não negou nem reivindicou a responsabilidade pela morte de Fakhrizadeh.
O jornal The New York Times foi o primeiro a relatar que um funcionário norte-americano disse que Israel estava por trás da operação.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, visitou Israel menos de duas semanas antes do ataque, parte de uma viagem regional que incluiu os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e a Arábia Saudita, lugares onde ele conversou sobre o Irã.
Carta branca
O presidente Donald Trump deu carta branca a Pompeo para continuar realizando a campanha de "máxima pressão" durante os próximos dois meses, disse o funcionário, acrescentando que haverá mais sanções dos Estados Unidos contra o Irã nesta semana e na próxima.
O nível de ameaça aos norte-americanos na região não aumentou desde o ataque, particularmente porque o Irã está culpando Israel pelo assassinato, disse o funcionário.
Mas Washington acredita que os iranianos ainda não retaliaram o assassinato do general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica e o segundo líder mais poderoso do país, e essa é a área que a comunidade de inteligência norte-americana está observando neste momento, disse o funcionário.
O governo dos Estados Unidos espera uma possível retaliação iraniana por volta do 3 de janeiro, aniversário de um ano da morte de Soleimani, mas o funcionário explicou que as opções do Irã estão limitadas porque a posse do presidente eleito Joe Biden será cerca de duas semanas após essa data.
Um movimento iraniano para tomar medidas contra os Estados Unidos, particularmente matar norte-americanos, tornaria mais difícil para Biden levantar as sanções contra o Irã quando ele assumir a presidência e iniciar a diplomacia, disse o funcionário. Se o Irã não fizer nada, suas ameaças de retaliação soariam mal em casa e nos países da região.
Durante um discurso de política externa no ano passado, Biden disse que voltaria ao acordo nuclear iraniano de 2015 se Teerã começasse a cumprir o pacto, um movimento que os conselheiros dizem que exigirá um trabalho próximo com os aliados e um início quase imediato de novas negociações.