Os resultados do estudo foram publicados no site de pré-impressões bioRxiv.
O veneno de cobra contém vários componentes que possuem propriedades antibacterianas, antifúngicas, antiparasitárias e antivirais. Em condições de laboratório, os autores estudaram um deles, a fosfolipase A2 (ou PLA2), um grupo de enzimas que primeiramente participam do metabolismo dos lipídios.
Verificou-se que PLA2 demonstram forte atividade viral contra o SARS-CoV-2 e bloqueiam a interação da proteína de espícula do vírus com o receptor ACE2, através do qual o vírus se introduz nas células. Uma de suas enzimas previne as mudanças drásticas provocadas pela reprodução do vírus.
Para entender o mecanismo com o qual os componentes de PLA2 suprimem o coronavírus, os cientistas estudaram a estrutura detalhada da enzima. Descobriu-se que os segmentos de espícula de PLA2 se assemelham de algum modo à proteína S do SARS-CoV-2 e, provavelmente, inibem a ligação do vírus aos receptores ACE2.
Os autores notam que isto é só uma hipótese e que para revelar o mecanismo real é necessário realizar mais estudos.
Deve-se referir que a enzima do veneno de cobra não demonstrou características parecidas durante os testes contra o patógeno da mesma família MERS-CoV. Os cientistas explicam o fato pelas diferenças estruturais e genéticas entre o MERS-CoV e o SARS-CoV-2.
O vírus MERS-CoV é um coronavírus também originário dos morcegos, e seu primeiro caso de infecção foi registrado em 2012 na Arábia Saudita, com a maioria dos casos ocorrendo na península Arábica.