Neste domingo (17), após uma reunião de cinco horas, diretores da Anvisa aprovaram, por unanimidade, o uso emergencial das vacinas CoronaVac, desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Minutos após essa aprovação, o governo de São Paulo decidiu aplicar a primeira dose da CoronaVac na enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, que se tornou a primeira pessoa a ser vacinada oficialmente contra a COVID-19 no Brasil.
"Hoje é o dia V. É o dia da vacina, é o dia da verdade, é o dia da vitória, é o dia da vida", disse o governador de SP após a primeira aplicação, fora dos estudos clínicos, de uma vacina contra a COVID-19 no Brasil https://t.co/luXVEp6vbn
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) January 17, 2021
"Vejo a aprovação, por unanimidade, como uma vitória da ciência e um sonoro recado de não ao negacionismo que insiste em se perpetuar no Brasil! A ciência sai fortalecida, a Anvisa sai fortalecida e, consequentemente, a democracia também. Nossos pesquisadores foram incansáveis para colocar as duas vacinas em posição de serem avaliadas pela agência reguladora, respeitando todos os critérios de segurança e qualidade, e a Anvisa fez um trabalho hercúleo para, em tempo recorde, fazer o criterioso trabalho de avaliação de tantos parâmetros técnicos", afirma, em declarações à Sputnik Brasil, a virologista Giliane Trindade, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Segundo a pesquisadora, essa aprovação das vacinas, cuja reunião foi transmitida ao vivo pela TV, também fortalece de alguma forma a própria população brasileira, que pôde conhecer um pouco melhor os critérios técnicos e a práxis do processo de avaliação de imunizantes.
"Isso é histórico no Brasil!", avalia a cientista.
Para Trindade, com a liberação da CoronaVac e da AstraZeneca, os próximos passos referentes aos planos de vacinação nacional poderão ser dados com mais organização e legitimidade. O Ministério da Saúde prevê iniciar na próxima quarta-feira (20) a campanha nacional de vacinação, enquanto o governo de São Paulo pretende iniciar a imunização no estado já nesta segunda-feira (18).
"Estados e municípios devem iniciar a organização das suas campanhas imediatamente", opina a virologista.
Ainda de acordo com a especialista, a decisão tomada hoje (17) pela Anvisa abre caminho também para que outras vacinas contra o novo coronavírus possam ser aprovadas no Brasil, "desde que respeitando todos os critérios de avaliação que foram tão bem apresentados".
"Para o país, ter diferentes vacinas aprovadas pode significar uma possibilidade de ampliação da vacinação coletiva, uma vez que poderemos ter vários fornecedores. Essa ampliação também poderia evitar desabastecimento no país."