Em entrevista publicada neste sábado (23) pelo Le Monde, o cacique Raoni falou sobre o novo apelo feito ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade.
Segundo a imprensa francesa, "o chefe indígena se lança em uma aventura judiciária inédita, audaciosa e arriscada: denunciar Jair Bolsonaro ao Tribunal Penal Internacional". O pedido de investigação foi feito à instituição sediada em Haia na sexta-feira (22).
A matéria afirma que Raoni está consciente de que a denúncia pode provocar a fúria de quem apoia o presidente brasileiro, latifundiários e garimpeiros, "todos próximos de territórios indígenas", alertou.
Estudo comandado por lideranças Yanomami e Ye'kwana indica que um em cada três habitantes da Terra Indígena Yanomami pode estar infectado https://t.co/sGWJv0AgDN
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) November 19, 2020
O chefe indígena explicou ao Le Monde que não tem outra escolha: "Bolsonaro sempre incitou a violência contra nós. Eu não posso aceitar a maneira como ele nos trata".
Raoni falou sobre sua preocupação com a política ambiental adotada pelo governo brasileiro, que permite, segundo ele, eliminar todos os obstáculos para saquear as riquezas da Amazônia. "Não gosto de brigas e não quero ter conflito com chefes brancos. Mas o problema é que Bolsonaro ataca demais os indígenas".
O jornal relembrou que, em 2019, 256 invasões de terras indígenas foram registradas no Brasil, um aumento de 135% em relação ao ano anterior. Nestas áreas, nove pessoas foram assassinadas, entre elas, sete caciques.
Acusação em Haia
O documento de 65 páginas enviado ao TPI foi redigido pelo advogado francês William Bourdon. Ele reúne as acusações feitas por Raoni, e também por dezenas de ONGs locais e internacionais, além de cientistas especialistas de questões climáticas.
Entre as acusações apresentadas ao TPI estão a suspensão da demarcação de territórios indígenas, o projeto de lei que permite a mineração e a exploração agrícola em áreas protegidas, os orçamentos limitados das agências ambientais, agora controlados pelos militares, os assassinatos impunes de sete chefes indígenas em 2019, entre outros.