Embora os lagos ácidos não sejam o ambiente mais hospitaleiro, o novo estudo sugere que eles podem ter abrigado vida no passado remoto da Terra.
De acordo com a equipe, liderada por Andrea Agangi, da Universidade Akita no Japão, as formas de vida antigas teriam conseguido se adaptar para sobreviver nestes lagos pouco depois de emergirem do mar.
Esta conclusão foi tirada após a realização de uma análise geoquímica de rochas sedimentares, de aproximadamente três bilhões de anos, que foram encontradas na África do Sul.
Enquanto a equipe estava concentrada em uma formação de rochas que se montou na era Mesoarqueana, consistindo principalmente de rochas vulcânicas, leitos peculiares de rochas sedimentares conhecidas como wonderstone, chamaram sua atenção.
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— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) January 29, 2021
"A [wonderstone] é escura, quase preta, e macia. Você pode quebrá-la facilmente com uma faca", afirmou Agangi, à Inside Science.
Sua coloração aparentemente vem de um "material rico em carbono" espalhado entre seus grãos.
A equipe então descobriu "uma escassez da forma mais pesada do elemento, sugerindo que ele surgiu de coisas vivas".
"É carbono que deve ter vindo de microrganismos mortos", explicou.
Além disso, Agangi ressaltou que este carbono pode corresponder a algo semelhante a organismos produtores de metano que pertencem a microrganismos conhecidos como archaea, que têm grande capacidade de sobreviver em condições extremas.
"Geralmente, pensaríamos que a acidez não é propícia para a vida [...] Mas ela filtrou os nutrientes das rochas vulcânicas, que eram necessários para a vida", citou.
"Estas rochas e as antigas rochas de Marte vêm do mesmo período distante do início da história do Sistema Solar [...] Se a vida surgisse nos dois planetas ao mesmo tempo, eles teriam preservado aproximadamente os mesmos tipos de vida", concluiu Keyron Hickman-Lewis, geólogo do Museu de História Natural de Londres.