Comércio não será força motriz da estratégia de Biden na China, diz ex-negociadora dos EUA

© AP Photo / Lintao ZhangXi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013
Xi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013 - Sputnik Brasil, 1920, 03.02.2021
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Antiga negociadora de comércio internacional dos EUA diz que levar o país ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica não é a única maneira de construir laços na região da Ásia-Pacífico.

O comércio fará parte da política de negociações do presidente norte-americano Joe Biden com a China, mas não será a força motriz nas relações EUA-China, afirma Wendy Cutler, antiga negociadora de comércio internacional norte-americana, que trabalhou para negociar o Acordo de Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês) em 2016.

"Existem diferenças fundamentais em uma série de questões entre os EUA e a China que serão difíceis de resolver", disse Cutler na quarta-feira, citada pela agência Reuters.

O governo Biden seria pressionado a se envolver no comércio na região da Ásia-Pacífico por acordos como a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) na Ásia e o Acordo Integral de Investimento (CAI, na sigla em inglês) da China com a União Europeia, comentou Cutler, que trabalhou no escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês) e atualmente é vice-presidente do escritório Asia Society Policy Institute, em Washington, EUA.

Parceria Transpacífica

Cutler afirma que levar os EUA ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês) não é a única maneira de construir laços na região da Ásia-Pacífico.

"Se os EUA considerassem retornar à CPTPP, sem dúvida buscariam atualizações e revisões do acordo, incluindo aquelas que são mais sensíveis às preocupações dos trabalhadores norte-americanos", acrescentou Cutler.

Na segunda-feira (1º) o Reino Unido apresentou um pedido formal de adesão ao CPTPP. O CPTPP foi lançado em 2019 para remover as barreiras comerciais entre 11 nações que representam quase 500 milhões de consumidores na região da Ásia-Pacífico, em uma tentativa de conter a crescente influência econômica da China.

© REUTERS / Tolga AkmenO primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fala durante coletiva de imprensa virtual.
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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fala durante coletiva de imprensa virtual.

Atualmente, o acordo de livre comércio inclui: Austrália, Brunei, Chile, Canadá, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietnã.

Alternativa da China ao CPTPP

Cutler afirmou que o RCEP, assinado entre 15 países da Ásia-Pacífico, incluindo a China, em novembro de 2020, precisa ser levado a sério.

"O RCEP estabelece amplas regras de origem que facilitarão o comércio entre os países [membros] e, com o tempo, impactarão as cadeias de abastecimento", além de terem uma estrutura de engajamento onde as questões entre os membros podem ser tratadas, comentou.

O RCEP, amplamente visto como uma alternativa apoiada pela China ao CPTPP e apontado como o maior acordo de livre comércio do mundo, visa reduzir progressivamente as tarifas e contrariar o protecionismo, aumentar o investimento e permitir a circulação mais livre de mercadorias na região.

© AP Photo / Hau DinhPremiê vietnamita Nguyen Xuan Phuc (à esquerda) aplaude enquanto o ministro do Comércio vietnamita Tran Tuan Anh (à direita) segura documento com assinaturas da criação do acordo Parceria Econômica Regional Abrangente
Comércio não será força motriz da estratégia de Biden na China, diz ex-negociadora dos EUA - Sputnik Brasil, 1920, 03.02.2021
Premiê vietnamita Nguyen Xuan Phuc (à esquerda) aplaude enquanto o ministro do Comércio vietnamita Tran Tuan Anh (à direita) segura documento com assinaturas da criação do acordo Parceria Econômica Regional Abrangente

Cutler disse esperar que os EUA contribuam com investimentos em infraestrutura na região da Ásia-Pacífico, embora não na escala da China.

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