A múmia estava envolvida em uma espécie de carapaça de argila, segundo uma nova pesquisa publicada nesta semana na revista PLOS ONE.
Esta é a primeira múmia deste tipo a ser estudada utilizando métodos modernos de tomografia computadorizada.
Os especialistas começaram por estudar uma múmia pertencente ao museu da Universidade de Sydney e que havia sido doada por um colecionador, Sir Charles Nicholson, após a adquirir dentro de um sarcófago de madeira, em 1860.
Apesar de a múmia já ter sido analisada em 1999, os cientistas até então acreditavam que a camada de argila era uma espécie de resina protetora. Porém, o barro endurecido provavelmente tinha o papel de sarcófago, não tendo sarcófago de madeira qualquer relação com a múmia.
O sarcófago de madeira, datado de 1000 a.C., tinha inscrito o nome de uma mulher chamada Meruah. No entanto, a datação por carbono revelou uma diferença de aproximadamente 200 anos com o corpo mumificado, provavelmente devido a uma "maquinação" por parte dos comerciantes de antiguidades.
Using modern imaging, Sowada and colleagues present evidence of post-mortem restoration associated with ancient Egyptian burial practices. Congrats to #plosoneauthor @KS_Archaeology, @RKP_Industries, @DocMurphs, @JacintaCarruth1, @ANSTO and collaborators! https://t.co/s9v1S8WPHY pic.twitter.com/nHkEA656y5
— PLOS ONE (@PLOSONE) February 3, 2021
Usando métodos de imagem modernos, Sowada e colegas apresentam evidências de restauração pós-morte associadas a práticas funerárias do antigo Egito.
Apesar de o corpo não pertencer a Meruah, foi determinado que no interior do sarcófago de argila havia o corpo de uma mulher de entre 26 e 35 anos de idade.
As análises revelaram que a camada de barro e palha se encontrava entre duas camadas de linho. Também foi descoberto que a carapaça está coberta na parte superior por uma espécie de tinta à base de calcita e tons de ocre, um pigmento mineral vermelho.
O que intriga os pesquisadores é que as imagens mostram que o corpo foi danificado pouco depois da mumificação e se acredita que a "cobertura de barro" possa ter sido utilizada para estabilizar a múmia.
Além da função prática, os cientistas acreditam que o uso de argila possa ter sido uma espécie de imitação de uma prática funerária da elite, que consistia em cobrir o corpo do defunto com uma resina especial importada do Mediterrâneo.
"O barro é um material mais acessível", comentou Karin Sowada, autora principal do estudo e pesquisadora do Departamento de História e Arqueologia da Universidade Macquarie.
"Este estudo ajuda a construir uma imagem mais ampla e detalhada de como os antigos egípcios tratavam e preparavam seus mortos", concluiu.