Ao rever seu conteúdo, deparou-se com algo surpreendente: nas imagens aprece o lendário espião israelense Eli Cohen, que durante a década de 1960 se relacionava com as mais altas esferas sírias.
O autor da filmagem, o militar soviético Boris Lukin, foi enviado para a Síria na década de 1960 como especialista de alto nível em sistemas de comunicação militar. Lukin chegou a Damasco exatamente quando Eliyahu ben Shaul Cohen, mais conhecido como Eli Cohen, estava trabalhando no local como espião.
Eli Cohen, 'nosso homem em Damasco' do Mossad
Eli Cohen, agente residente do Mossad (serviço secreto israelense), fazia seu trabalho na perfeição, recebendo frequentemente elogios de seus superiores.
Sua primeira tarefa, realizada com sucesso, era reportar sobre a ajuda militar soviética à Síria. Em seguida, deveria coletar informações sobre a localização das forças sírias. Naqueles anos, os oficiais de comunicação eram especialmente valorizados e Boris Lukin trabalhou nessa área, que era então o ponto fraco dos sírios.
Eli Cohen tentava ser o mais discreto possível, mas ao mesmo tempo era um homem muito ousado. Ele morava em Damasco com um nome falso e sentia que não precisava ser particularmente escrupuloso com seu dinheiro ou conhecidos. Filho de pai sírio de Aleppo, Cohen era judeu de sangue, mas cresceu na realidade do mundo árabe, que ele conhecia muito bem.
Outra tarefa importante que o Mossad confiou a Eli Cohen foi encontrar e eliminar criminosos de guerra nazistas. Após a Segunda Guerra Mundial, muitos fugiram da Europa para a América do Sul e para o Oriente Médio, especialmente para a Síria.
Quando Cohen transmitia dados de inteligência para Tel Aviv, os sírios sabiam que alguém estaria vazando dados, mas não sabiam a via e como isso era feito exatamente.
O trágico final de uma carreira
Em janeiro de 1965, os serviços especiais descobriram o paradeiro do agente israelense graças aos especialistas soviéticos que, com seus equipamentos, ajudaram a determinar a localização exata de Cohen. Vários soldados e civis entraram no apartamento de Eli Cohen quando este terminava de transmitir mensagens a Tel Aviv, sendo detido de imediato.
No final, Cohen foi sentenciado à morte for enforcamento por ter causado danos irreparáveis à Síria. Em Israel ele era considerado um herói, e o Estado judeu lutou por sua extradição usando todos os meios diplomáticos possíveis, mas sem sucesso, as autoridades sírias foram inflexíveis. Estavam em guerra e Cohen era um inimigo da Síria, pelo que sua execução em Damasco foi transmitida ao vivo.