A comissão criada em 2019 para avaliar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sugeriu "não utilizar" 66 questões do Banco Nacional de Itens (BNI). Para os avaliadores, as perguntas continham "leitura direcionada da história", "leitura direcionada do contexto geopolítico" e "polêmica desnecessária". Em um desses itens, eles aconselharam trocar o termo "ditadura" por "regime militar".
O conteúdo do parecer da comissão aparece em uma resposta do Ministério da Educação (MEC) enviada à Câmara dos Deputados após uma requisição de oito parlamentares. O documento, obtido pelo jornal O Globo, não exibe as questões em si, apenas os resultados das análises realizadas.
Na época da criação da comissão, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) afirmou que nenhuma questão seria descartada, porque, segundo o órgão, o processo de elaboração é "longo e oneroso".
O Inep informou ainda, na ocasião, que as questões consideradas "dissonantes" seriam "separadas para posterior adequação, testagem e utilização, se for o caso". O resultado dessas análises nunca haviam sido divulgadas pelo instituto.
Enem 2020
Na edição do Enem de 2020, duas questões sofreram alteração no gabarito depois de críticas de que as respostas dadas como corretas eram de cunho racista.
Uma delas afirmava que a mulher negra que não quer alisar o cabelo tem argumentos "imaturos". A outra dizia que o Google associava nomes de pessoas negras a fichas criminais em função da "linguagem", e não do "preconceito".