O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal, nesta segunda-feira (15), a buscar novas informações sobre gastos do Ministério da Saúde com cloroquina e hidroxicloroquina, de acordo com a coluna de Fausto Macedo, do jornal Estadão. O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República no inquérito que investiga a atuação do ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, no colapso do sistema de Saúde de Manaus, capital do Amazonas.
Entre outras medidas, Lewandowski também permitiu oitivas com servidores do Ministério da Saúde, do governo do Estado e da Prefeitura de Manaus que participaram de reuniões sobre a crise e deu aval para a solicitação de e-mails institucionais trocados pela pasta com os governos estadual e municipal sobre o combate à pandemia.
O ministro do STF ainda validou a requisição de informações sobre o transporte de oxigênio para a cidade e autorizou a identificação e posterior depoimento de desenvolvedores do aplicativo TrateCOV, disponibilizado pelo Ministério da Saúde a médicos da capital amazonense. A plataforma recomendava o uso de cloroquina e ivermectina para pacientes com sintomas de náusea, diarreia e até ressaca. Nenhum dos dois medicamentos tem eficácia contra a COVID-19, de acordo com estudos já publicados.
No despacho, Lewandowski afirmou que a PGR procura obter "melhor compreensão da dinâmica segundo a qual transcorreram os fatos, especialmente no tocante às comunicações entre os distintos órgãos da administração pública e às medidas adotadas para o combate à pandemia'.
"Afirma [a PGR], ainda, que quanto à distribuição de medicamentos e demais ações prioritárias do Ministério da Saúde, é preciso obter dados sobre gastos com a aquisição e distribuição dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina. Aduz que se faz necessário reunir elementos acerca do aplicativo 'TrateCOV', disponibilizado pela supracitada pasta para auxiliar médicos no diagnóstico da doença causada pelo novo coronavírus", disse Lewandowski.
O inquérito, que apura como o Ministério da Saúde lidou com a falta de oxigênio hospitalar para atender pacientes internados com a COVID-19 em Manaus, foi aberto no dia 25 de janeiro e tem 60 dias para ser concluído.