Em entrevista ao site argelino Algerie Maintenant, o ministro das Comunicações da Argélia, Ammar Belhimer, afirmou nesta quarta-feira (17) que o relatório "não é objetivo" e fica "abaixo das expectativas".
Belhimer disse também que o relatório nega todos os fatos históricos. Ele acusa o estudo de ter colocado a vítima "em pé de igualdade com o carrasco".
O historiador francês Benjamin Stora é o responsável pelo relatório. Stora foi encarregado de avaliar o progresso feito pela França nas relações com a ex-colônia do norte da África e entregou o resultado a Macron no mês passado.
Stora descreveu uma "guerra de memória sem fim" entre franceses e argelinos, travada em reivindicações de "vitimização concorrentes", segundo a AFP.
Os conflitos durante a guerra de independência da Argélia, que duraram de 1954 a 1962, continuam a prejudicar as relações entre os dois países seis décadas depois.
Segundo Belhimer, o relatório "esconde as reivindicações legítimas da Argélia, em particular o reconhecimento oficial por parte da França de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, perpetrados durante os 130 anos de ocupação da Argélia".
Nem o presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, nem o diretor dos arquivos nacionais, Abdelmadjid Chikhi, falaram sobre o assunto.
A associação argelina de veteranos da guerra de independência também rejeitou o relatório de Stora, dizendo que "não abordou […] os vários crimes coloniais perpetrados pelo Estado francês".
No relatório, Stora faz uma série de propostas, incluindo a criação de uma "comissão de memória e verdade" mista, formada por franceses e argelinos, que ouviria depoimentos de pessoas que sofreram durante a guerra e conduziria os esforços de reconciliação.
Macron é o primeiro presidente da França nascido após a independência da Argélia e foi mais longe do que qualquer um de seus antecessores no reconhecimento de crimes cometidos pelas forças francesas contra as ex-colônias.
Um pedido de desculpas oficial, no entanto, é veementemente contestado por políticos da direita francesa, que consideram os atos de arrependimento nacional uma traição.