Uma pedra de amolar antiga com restos de uma mariposa da espécie Bogong foi encontrada na caverna de Cloggs, localizada no sudeste da Austrália. Segundo os pesquisadores, antigos grupos aborígines do local colheriam as mariposas raspando-as das paredes das cavernas, e seria essa a primeira evidência arqueológica de insetos sendo usados como fonte de alimento, segundo o Daily Mail.
A ferramenta tem cerca de dois mil anos e remonta ao início do século XIX. A colheita das mariposas acontecia como uma espécie de festival, com membros de diferentes clãs se reconectando e festejando juntos. Rico em gordura e proteína, os insetos são uma ótima fonte de alimento, segundo os pesquisadores. O estudo foi publicado na revista acadêmica Scientific Reports.
As mariposas seriam preparadas de várias maneiras diferentes, inclusive sendo cozidas em fogo aberto e devoradas. Elas também poderiam ser moídas em um bolo defumado e preservado para mais tarde.
Os colonizadores britânicos na década de 1830 escreveram sobre grupos aborígines colhendo mariposas, e os clãs da área têm histórias orais de seus ancestrais nessa atividade, mas nunca houve qualquer evidência arqueológica de que a prática era uma tradição tão antiga até então.
Os restos do inseto tinham entre 1.600 e 2.100 anos, indicando que as mariposas foram colhidas por até 65 gerações de famílias aborígenes.
"A falta de estudos arqueológicos de restos de comida de insetos resultou em uma minimização ou omissão do uso de insetos em narrativas arqueológicas de comunidades de tempos remotos. A comida é uma expressão da cultura: pense em caracóis e pernas de rã e pensemos na cultura francesa, [se lembramos de] espaguete, associamos à Itália", disse o arqueólogo e coautor do estudo Bruno David, citado pela mídia.
Ao que parece, os insetos teriam sabor de nozes, semelhante a amêndoas ou manteiga de amendoim, e costumavam ser consumidos também como churrasco, de acordo com os pesquisadores.
No entanto, atualmente, a população de mariposas Bogong está despencando. Em verões anteriores, bilhões de insetos se refugiaram nas áreas, mas, na última meia década, algumas cavernas não tiveram uma única vibração. Os arqueólogos atribuíram o fato como sendo um reflexo das mudanças climáticas, segundo a mídia.