A orientação contradiz orientação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Na última sexta-feira (19), ele disse a prefeitos que o carregamento de vacinas deveria ser usado inteiro na aplicação da primeira dose, sem reserva para segunda.
O documento informa que o lote contém dois milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, importadas da Índia, e 1,2 milhão da CoronaVac, entregues pelo Instituto Butantan.
Segundo Pazuello, a mudança de estratégia era possível pois haveria garantia de que novas doses seriam produzidas. No informe técnico, o Ministério da Saúde diz exatamente o oposto ao colocado por Pazuello. A pasta afirma, segundo o portal UOL, que "ainda não há um fluxo de produção regular" da CoronaVac.
No caso da vacina de Oxford, como o tempo entre a primeira aplicação e a segunda é de três meses, a orientação, desde o início da campanha de imunização, é de não reservar doses, ao contrário da CoronaVac, que exige de duas a quatro semanas entre as duas aplicações.
De acordo com o ministério, é recomendado que a segunda dose da vacina "seja reservada para garantir que o esquema vacinal seja completado dentro desse período, evitando prejuízo nas ações de vacinação".
'Idas e vindas de informações'
O ritmo lento da vacinação no Brasil é alvo de críticas da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que cobra agilidade no processo e culpa o governo pela falta de vacinas.
"Infelizmente essas idas e vindas de informações prejudicam o planejamento das pessoas e dos gestores lá na ponta. O ministro nos garantiu, na sexta ([19], que poderíamos utilizar plenamente os novos lotes integralmente como primeira dose. E agora, retorna à posição original de reservar metade dos lotes para a segunda dose com uma orientação oficial", disse o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette (PSB).