Em meados de fevereiro, o presidente da França lançou uma iniciativa para preservar o clima e reposicionar a França no debate internacional sobre desmatamento e emissão de CO2.
Macron lançou a Convenção dos Cidadãos para o Clima. Nesse exercício, 150 cidadãos sorteados de todas as regiões da França trabalharam para propor medidas concretas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito estufa em pelo menos 40% até 2030.
No final destes trabalhos, 149 propostas foram aprovadas e apresentadas ao governo da França. O presidente comprometeu-se a implementar 146 destas propostas.
Porém, de acordo com o Le Monde nesta terça-feira (3), as florestas, em grande parte ausentes do texto final do projeto de lei, precisam ser reintroduzidas no documento, pois esta é a vontade de cidadãos, associações e parlamentares.
A publicação apresenta uma série de entidades que estão pressionando o presidente francês neste momento, assim como diversos depoimentos que revelam que, após passar pelo filtro dos ministérios de Macron, o texto da Lei do Clima foi bastante modificado.
"A ambição do texto poderia ser maior", afirma a climatologista Corinne Le Quéré, presidente do Conselho Superior do Clima na França. "Existem, sim, elementos positivos, mas também muitas oportunidades perdidas", sentenciou. Vale lembrar que a proposta já havia sido chamada de insuficiente pelo Conselho Econômico, Social e Ambiental do governo francês.
"É um absurdo não haver componente florestal no projeto de lei", garante a deputada Mathilde Panot.
Très belle mobilisation ce matin avec les forestiers de l'ONF et les citoyen·ne·s du Morvan pour réclamer des mesures dans la loi #climat.
— Mathilde Panot (@MathildePanot) March 1, 2021
Il faut d'urgence mettre fin à l'industrialisation des forêts et à la maltraitance de celles et ceux qui y travaillent ! @canopee_asso pic.twitter.com/P4Md9aM2p3
Muito boa mobilização esta manhã com silvicultores da ONF e cidadãos de Morvan para exigir mudanças na Lei do Clima. É urgente acabar com a industrialização das florestas e os maus-tratos a quem nela trabalha!
A deputada Anne-Laure Cattelot também falou sobre o assunto em suas redes sociais.
Cher @gouvernementFR le projet de loi #ClimatRésilience ne comporte à ce jour pas 1 fois les mots #foret #arbre et #bois 🌳. Le 2e puit de CO2 de la 🌍 ne le mérite pas ? Le bois n’est pas utile à la neutralité carbone ? Faut-il supprimer l’arbre sur le logo de la loi? @les150ccc pic.twitter.com/OCWlL5P7Jc
— Anne-Laure Cattelot (@ALCattelot) February 16, 2021
Caro governo da França. O projeto de lei Clima e Resiliência até o momento não contém as palavras florestas, árvores e madeira. O segundo sumidouro de CO2 do mundo não merece isso? A madeira não é útil para a neutralidade de carbono? Devemos remover a árvore do logotipo da lei?
Grandes varejistas também protestam contra duas disposições da Lei do Clima, que visa fortalecer a fiscalização da propaganda em vitrines e a restrição à distribuição de propaganda impressa.
Para o Conselho Superior para o Clima, as medidas são insuficientes principalmente sobre os transportes, setor que mais emite CO2. Esses cientistas apelam aos parlamentares para mudar a situação e melhorar o texto. "É preciso que os deputados reforcem ou complementem essas medidas", afirma o presidente do Conselho Superior para o Clima.
O coletivo France Nature Environnement, que reúne diversas lideranças políticas na França, publicou uma carta de recomendação aos parlamentares franceses que analisarão o texto no fim de março. A entidade propõe medidas para que a Lei do Clima seja mais rígida com relação as suas próprias metas de combate ao aumento de CO2.