Em uma das sessões anuais do Parlamento chinês, os principais líderes do Partido Comunista vão aprovar diretivas de cinco anos para cortar a dependência do Ocidente em áreas cruciais, desde chips de computador a outras tecnologias emergentes, como veículos a hidrogênio e biotecnologia. Este "empurrão" de trilhões de dólares poderia ajudar o gigante asiático a ultrapassar os EUA enquanto maior economia do mundo nesta década, concretizando o objetivo de Xi Jinping de tornar a China uma superpotência, informa a agência Bloomberg.
"A coisa mais importante é a magnitude da ambição – é maior do que qualquer outro feito do Japão, Coreia do Sul ou até dos EUA", disse Barry Naughton, professor da Universidade da Califórnia e um dos melhores pesquisadores de economia chinesa do mundo, citado pela agência. Ele acrescenta que "a ambição é empurrar a economia através do portal de uma revolução tecnológica".
Além da difícil missão de melhorar a vida de 1,4 bilhão de chineses, que é um objetivo essencial para a manutenção da legitimidade do Partido Comunista chinês (PCC), Xi Jinping também quer provar que o partido conseguirá guiar com sucesso a economia nacional, particularmente após os quatros anos conturbados da presidência norte-americana de Donald Trump.
Adicionalmente, a confiança de Pequim no seu sistema político tem aumentado após sua taxa de sucesso na contenção do coronavírus. Na verdade, economistas preveem que a economia chinesa venha a se expandir em cerca de 8,3% em 2021, comparados aos 4,1% dos EUA.
Contudo, os EUA estão procurando aliados para impedir que as aspirações do líder chinês se concretizem, especialmente através da negação do acesso a Pequim a tecnologias estratégicas. Por sua vez, Pequim também espera conseguir investimentos de importantes companhias tecnológicas estrangeiras, tais como a Tesla, o que ajudaria o gigante asiático a atingir os seus objetivos no campo tecnológico.
Apesar de o Ocidente, especialmente Washington, ver as ambições de Xi Jinping como uma ameaça, Meg Rithmire, professor da Escola de Negócios de Harvard, entende o esforço econômico de Pequim como uma espécie de estratégia defensiva por parte do PCC.
Nas próximas décadas, é provável que venhamos a observar um aumento das tensões entre a China e os EUA, cada um motivado por seus próprios interesses de seus sistemas políticos.