Nesta terça-feira (2), os cientistas revelaram que examinaram partes importantes do fóssil quase completo e bem-preservado na instalação nacional de radiação sincrotrônica britânica Diamond Light Source, focando-se no escaneamento de sua abóbada craniana – a parte superior da caixa craniana – e mandíbula. Os resultados do estudo foram publicados na revista e-Life.
Entre outras coisas, os pesquisadores conseguiram conhecer as dificuldades que este indivíduo, uma fêmea adulta, enfrentou durante sua vida.
A espécie de Little Foot, tendo traços tanto de humanos como de primatas, é considerada um possível antepassado direto dos seres humanos. O fóssil foi desenterrado nos anos 1990 a noroeste de Joanesburgo, nas cavernas de Sterkfontein, pelo paleoantropólogo da Universidade de Witwatersrand (África do Sul) Ron Clarke, que agora é um dos coautores da nova pesquisa.
O que é mais marcante sobre este fóssil é que todos os outros restos de esqueletos de australopitecos têm sido parciais, notou Clarke.
"Na caixa craniana pudemos identificar os canais vasculares no osso esponjoso que provavelmente foram envolvidos na termorregulação cerebral – é como o cérebro arrefece", disse a diretora do estudo, a paleoantropóloga Amélie Beaudet da Universidade de Cambridge, Reino Unido, citada pela Reuters, adicionando que este fato desempenhou um papel fundamental na triplicação do tamanho do cérebro desde os australopitecos até os humanos atuais.
Os dentes deste também foram reveladores. Os pesquisadores descobriram defeitos no esmalte dos dentes indicativos de duas crises na infância de estresse fisiológico, tais como doença ou desnutrição.
Little Foot, cujo apelido reflete os pequenos ossos do pé que estavam entre os primeiros elementos encontrados do esqueleto, era no máximo de 130 centímetros de altura.
"Australopiteco poderia ser o antepassado direto do Homo – humanos – e nós devemos realmente aprender mais sobre as diferentes espécies de australopiteco a fim de sermos capazes de decidir qual destes poderia ser o melhor candidato para ser nosso antepassado direto", ressaltou Beaudet.