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Medicamentos contra COVID-19: médico compara soro do Butantan com spray israelense

© Folhapress / Cris FagaOs profissionais da saúde do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) recebem primeira dose da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, para o combate à COVID-19
Os profissionais da saúde do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) recebem primeira dose da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, para o combate à COVID-19 - Sputnik Brasil, 1920, 09.03.2021
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Enquanto o governo brasileiro enviou comitiva a Israel para negociar o spray contra a COVID-19 que vem sendo desenvolvido no país, o Instituto Butantan entregou à Anvisa um pedido para testar em humanos um soro contra o coronavírus.

Na última sexta-feira (5), o Instituto Butantan solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma autorização para realizar testes de um soro contra a COVID-19 em humanos.

Enquanto isso, uma delegação do governo brasileiro viajou para Israel para negociar a possível compra do medicamento EXO-CD24, um spray nasal contra a COVID-19 que ainda está em fase de testes clínicos no país.

O médico nefrologista José Medina, um dos desenvolvedores do medicamento do Instituto Butantan junto com o infectologista Ésper Kallás, disse à Sputnik Brasil que os tratamentos possuem características muito distintas.

"A molécula CD-24 tem o objetivo de modular a resposta imunológica que é exacerbada quando ocorre a infecção pela COVID-19. Então a função dela é inibir a resposta inflamatória exacerbada [...] ela inibe a resposta inflamatória, mas não ataca o vírus", explicou.

Desenvolvido pelo Centro Médico Ichilov, em Israel, o EXO-CD24 ainda não tem eficácia comprovada. O objetivo do spray nasal é impedir uma reação exacerbada do sistema imune durante a infecção causada pelo novo coronavírus. 

Já o tratamento desenvolvido pelo Instituto Butantan diz respeito a um soro policlonal de uma imunoglobulina G que é constituída por uma quantidade grande de anticorpos que atacam o vírus diretamente.

"Aquilo que o organismo normalmente produz, aquilo que o organismo humano normalmente faz de produzir os anticorpos e responder contra o vírus, que demora alguns dias, esse soro policlonal já contêm uma quantidade grande de anticorpos e, uma vez injetado, já ataca diretamente o vírus sem precisar guardar a produção humana dessa imunoglobulina ou desse tipo de anticorpo", afirmou José Medina.

O médico observou que o spray israelense e o soro desenvolvido pelo Butantan são "propostas totalmente diferentes", mas destacou que ambos os medicamentos "podem ser efetivos".

© AP Photo / Andre PennerÍndia guarani recebe agentes do Instituto Butantan para realizar teste para COVID-19, em Cananéia (SP), 10 de julho de 2020
Medicamentos contra COVID-19: médico compara soro do Butantan com spray israelense - Sputnik Brasil, 1920, 09.03.2021
Índia guarani recebe agentes do Instituto Butantan para realizar teste para COVID-19, em Cananéia (SP), 10 de julho de 2020

"A plataforma de produção desse spray é uma inovação ainda, enquanto esse soro policlonal é bastante utilizado em outro tipo de atividade médica como para controle de rejeição de transplante, e também como soro antiofídico que é produzido aqui no próprio Butantan. Então o Butantan tem já uma tradição para a produção desse tipo de soro com anticorpo policlonal, que é uma imunoglobulina G", afirmou.

O especialista acrescentou também que o desenvolvimento destes medicamentos deve ser complementar à produção de vacinas, pois "a vacina não dá uma proteção de 100% das pessoas".

"Sempre vão ter algumas pessoas que vão adquirir a doença mesmo sendo vacinada. Nós temos o exemplo da vacina da gripe da influenza, que a maioria das pessoas são vacinadas e um grupo dessas adquiriu essa doença e desenvolveu doença grave que precisa de um tratamento adicional", afirmou Medina.

"Esse anticorpo policlonal ou o spray com a molécula CD-24 podem trazer benefício para as pessoas, que mesmo sendo vacinadas, desenvolveram uma doença grave", completou o especialista.

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