Nesta sexta-feira (26), a OMC suspendeu uma reunião do seu órgão de solução de controvérsias depois que os EUA rejeitaram o pedido da Venezuela para o início de uma investigação sobre as sanções da era Trump contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, segundo a Bloomberg.
A ação altamente incomum terminou com a reunião prematuramente, depois que a Venezuela, ao saber da rejeição dos EUA, também resolveu parar o encontro, de acordo com a mídia. O impasse significaria que a OMC não pode realizar nenhuma reunião regular para solução de controvérsias, a menos e até que os EUA ou a Venezuela recuem.
O porta-voz do Escritório Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), Adam Hodge, justificou em um comunicado no site oficial do USTR o porquê dos EUA não compactuarem com o pedido de investigação feito pelo país sul-americano.
"[Os EUA] exerceram seus direitos como membro da OMC para se opor a este pedido ilegítimo de painel porque os representantes do governo de Maduro não falam em nome do povo venezuelano. Os EUA rejeitarão qualquer tentativa do presidente venezuelano de usar indevidamente a OMC para atacar as sanções dos EUA destinadas a restaurar os direitos humanos e a democracia na Venezuela", informou Hodge através do comunicado.
A investigação requerida por Caracas gira em torno de uma série de regulamentos e ordens executivas emitidas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em 2018 que proibiam o acesso ao mercado financeiro dos EUA pelo governo venezuelano, assim como transações relacionadas à compra de dívidas do país.
O pedido de averiguação das sanções acontece com a alegação por parte da Venezuela de que os Estados Unidos tentaram "isolar Caracas economicamente" e violaram seus direitos sob o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês) e o Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS, na sigla em inglês).
A atuação norte-americana marcaria como o governo de Joe Biden está dando continuidade às duras táticas de Trump no órgão comercial em relação ao país sul-americano. Apesar da atual administração ter dado maior ênfase à cooperação multilateral do que a anterior, a medida reflete a disposição de seu governo de manter certas estratégias que, segundo os críticos, correm o risco de minar o sistema de comércio internacional, de acordo com a mídia.