Dois novos estudos sobre o 2I/Borisov revelam que esse cometa é o mais puro e inalterado já observado em nosso Sistema Solar. A poeira ao redor do cometa também é intrigantemente diferente daquela ao redor de outros cometas. Os estudos foram publicados na terça-feira (30) na Nature Communications e na Nature Astronomy.
O cometa 2I/Borisov, descoberto em 2019 pelo astrônomo amador russo Gennady Borisov, é considerado o primeiro cometa interestelar conhecido em nosso Sistema Solar e o segundo objeto interestelar descoberto, sendo o primeiro o corpo celeste Oumuamua.
Grãos de poeira
Novas observações do 2I/Borisov, feitas usando o telescópio VLT, do Observatório Europeu do Sul, no Atacama, Chile, ajudaram os astrônomos a medir a polarização da luz nos grãos de poeira do cometa. Dessa forma, os cientistas descobriram que a luz refletida de 2l/Borisov e filtrada por seu coma é mais polarizada do que a luz de qualquer outro objeto já estudado no Sistema Solar.
"Estudando a composição e a estrutura das partículas de poeira na coma de poeira de 2I/Borisov, podemos fazer suposições fundamentadas sobre as condições de formação e os locais da poeira", diz Bin Yang, principal autor de um dos estudos, citado pela revista MIT Technology Review.
A descoberta de que as partículas da coma do 2I/Borisov são pequenas e muito finas sugere que essas partículas não foram muito perturbadas pela radiação e pelo calor de qualquer estrela (forças que, de outra forma, fariam com que pedaços maiores fossem ejetados aleatoriamente da superfície). Os autores concluem que 2l/Borisov é talvez um dos objetos mais primitivos já detectados.
Os cientistas também registraram que as quantidades relativas de monóxido de carbono e água mudaram conforme o cometa perdia camada após camada. Abundância de monóxido de carbono e água na poeira sugere que o cometa residiu em ambientes de baixa temperatura (ou seja, longe de uma estrela), onde esses compostos poderiam ter permanecido frios e estáveis, por quase toda a sua vida.
As descobertas sugerem que a evolução do nosso Sistema Solar talvez não seja tão única quanto poderíamos ter pensado. Isso também sugere que as condições que dão origem a um planeta habitável como a Terra são mais comuns na galáxia do que se imaginava.