O mistério é o caso de Henry Every, um pirata e assassino inglês que teria se convertido no criminoso mais procurado do mundo após saquear uma embarcação que transportava peregrinos muçulmanos desde Meca, na atual Arábia Saudita, até a Índia, em 7 de setembro de 1695, fazendo-se passar por um traficante de escravos, informa a agência AP.
O navio pirata Fancy, comandado por Every, teria então emboscado a embarcação real Ganj-i-Sawai, pertencente ao imperador indiano Aurangzeb, um dos homens mais poderosos da época. No navio, não só se encontravam os peregrinos, mas também dezenas de milhões de dólares em ouro e prata, e assim se deu um dos maiores e mais violentos furtos de toda a história.
Segundo registros históricos, o bando de Henry Every teria não só roubado o navio, como também torturado e abusado dos seus passageiros antes de escaparem para as Bahamas, consideradas um paraíso seguro para piratas. As notícias sobre tamanho crime correram rapidamente, e assim, o rei inglês William III lançou um prêmio generoso pela captura de suas cabeças.
Sobre o malvado capitão, apenas se sabe que ele teria navegado para a Irlanda no ano seguinte, em 1696, tendo seu rastro perdido desde então. Contudo, agora com a descoberta destas moedas na América no Norte, os historiadores e arqueólogos poderão tentar descobrir como o capitão Every desapareceu.
Pesquisas confirmaram que as moedas encontradas teriam sido cunhadas em 1693 no Iêmen. Uma vez que os colonos das Américas ainda não estariam fazendo trocas com o Oriente Médio nessa época, o círculo de suspeitas começou a apertar. Adicionalmente, outras moedas árabes dessa mesma época teriam sido encontradas nos estados de Massachusetts, Connecticut e na Carolina do Norte onde, por sua vez, foram encontrados registros do desembarque de membros da tripulação de Every.
De acordo com Sarah Sportman, arqueóloga estadual de Connecticut, "parece que alguns membros de sua tripulação teriam sido capazes de chegar à Nova Inglaterra e de se integrarem", disse Sportman citada pela mídia.
No final do século XVII, teria sido fácil para Every se fazer passar por um traficante de escravos, uma profissão que estaria em crescimento na Nova Inglaterra. Em sua rota para as Bahamas, consta que o capitão inglês teria feito uma paragem na ilha francesa de Reunion, comprando alguns escravos negros para que seu disfarce parecesse mais realista, de acordo com Jim Bailey, historiador e detectorista de metais amador.
Bailey afirma que "existe uma extensa fonte de documentação primária que mostra que as colônias americanas eram bases de operações para piratas", disse o historiador citado pela AP. Por hora, o mistério do capitão Henry Every e as posteriores vidas de seus membros de tripulação são apenas uma peça de toda a evidência que ainda pode vir a ser descoberta sobre esse tempo.