Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo neste domingo (11), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que há risco do Brasil enfrentar poucas ofertas de vacina até segundo semestre.
Embora afirme que seu "objetivo número um" no Ministério da Saúde será acelerar a vacinação contra a COVID-19, o novo titular da pasta admitiu que o cenário ainda tende a enfrentar dificuldades até meados de julho.
Marcelo Queiroga também falou que é o seu "dever" persuadir Jair Bolsonaro sobre a importância do uso de máscaras e das práticas do isolamento social.
Ele não falou sobre a viagem da comitiva brasileira à Rússia, em visita à fábrica que produz a Sputnik V, mas voltou a manifestar interesse em uma parceria com os norte-americanos.
Os EUA, vale lembrar, anunciaram no início da semana que todas as suas vacinas excedentes devem ir para o programa COVAX, da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foram descartadas quaisquer possibilidades de parcerias bilaterais neste sentido.
"A partir do segundo semestre conseguiremos ter mais doses disponíveis. O maior país a vacinar sua população é os Estados Unidos. Depois que conseguirem vacinar a população deles, vamos ter mais doses, é a nossa expectativa", disse o ministro da Saúde, enfatizando que o Brasil dependerá do COVAX Facility.
Neste sentido, ele ainda celebrou os acordos com a Índia e a empresa Bharat Biotech, fabricante de vacina Covaxin, e disse que não se sente a vontade pressionando a Anvisa.
Em suas palavras: "Não posso chegar dando canetada na Anvisa, que é uma agência regulatória. Mas eu teria mais doses em março e abril, como estava no calendário anterior, e a Anvisa não aprovou".
Questionado se o seu discurso não estaria desalinhado com o de Jair Bolsonaro, trazendo prejuízos ao combate da COVID-19 no Brasil, Queiroga disse que é seu dever "persuadir meu presidente em relação às melhores práticas. Se eu não conseguir, a falha é minha, e não do presidente".
Em seguida, ele foi questionado se acha que tem conseguido persuadir o presidente. Segundo Queiroga: "Ele fala em se vacinar, mas nunca diz quando. É uma decisão pessoal. A Constituição assegura a privacidade. Não só o presidente, mas todos os brasileiros que estejam dentro do grupo prioritário têm de ser vacinados. Mas a decisão tem de ser do presidente".