A Rússia vai restringir a navegação de navios militares e oficiais estrangeiros em partes do mar Negro até outubro, uma medida que foi rapidamente condenada pela Ucrânia e pela União Europeia.
"Das 21h00 de 24 de abril às 21h00 de 31 de outubro, a passagem pelo mar territorial da Federação da Rússia para navios militares estrangeiros e outras embarcações estatais será interrompida", comunicou o Ministério da Defesa russo nesta sexta-feira (16).
As restrições afetarão a ponta oeste da Crimeia, a costa sul da península de Sevastopol e o estreito de Kerch.
Um alto funcionário da União Europeia descreveu a medida como um "desenvolvimento altamente preocupante". Para o funcionário a medida contradiz as normas de livre passagem marítima e o direito internacional e intensifica as tensões em torno "do aumento militar do outro lado da fronteira russa com a Ucrânia", disse o funcionário à agência AFP.
A Rússia e a Ucrânia têm visto suas relações piorar desde 2014, após a crise político-econômica em Kiev que resultou na reunificação da península da Crimeia com a Federação da Rússia. Nas últimas semanas, as tensões entre Moscou e Kiev aumentaram, com a gradação nos confrontos entre o Exército ucraniano e os independentistas do leste da Ucrânia.
Moscou culpou Kiev pela maior parte das provocações ao longo da zona desmilitarizada e criticou a relutância da Ucrânia em cumprir os Acordos de Minsk, que foram criados para evitar qualquer conflito.
Tropas dos EUA na Ucrânia
Na quinta-feira (15), foi noticiado que os EUA desistiram de seus planos de enviar destróieres ao mar Negro para evitar inflamar as tensões entre Rússia e Ucrânia. Ainda assim, Washington analisará a possibilidade de aumentar sua presença militar na Ucrânia, afirmou nesta sexta-feira (16), a embaixadora em exercício dos EUA na Ucrânia, Kristina Kvien.
A declaração de Kvien ocorreu logo após uma cerimônia de saudação à oitava rotação de instrutores militares norte-americanos que chegam a Kiev para treinar as tropas. A embaixadora em exercício ressaltou ainda que o governo do presidente norte-americano Joe Biden anunciou recentemente um novo pacote de assistência de segurança de US$ 125 milhões (aproximadamente R$ 705 milhões) para a Ucrânia, que inclui fundos para treinar, equipar e aconselhar os militares ucranianos.
De acordo com Kvien, a Ucrânia precisa de ajuda para combater a alegada "agressão apoiada pela Rússia na região de Donbass", insistindo que Kiev não é de forma alguma responsável pelo atual surto de conflitos no leste do país.
O relato de Kvien contradiz diretamente o Kremlin, que em grande parte culpa a Ucrânia por não manter suas tropas sob controle e por não cumprir suas obrigações com os Acordos de Minsk.
O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmygal, por sua vez, pediu aos EUA que expandissem seu programa de treinamento de tropas no país, dizendo que é necessário "deter" a suposta "agressão russa".