Radiação ionizante aumenta a mutagênese do DNA, por isso as pessoas expostas à radiação têm câncer e outras doenças associadas à quebra da cadeia de DNA.
Para estudar se essas mudanças genéticas são hereditárias, cientistas dos Estados Unidos, Ucrânia, Rússia e Japão, liderados por Meredith Yeager, do Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, analisaram os genomas de 130 crianças das famílias dos liquidantes do acidente de Chernobyl e técnicos da usina expostos à radiação. Todas as crianças foram concebidas e nasceram após o acidente, entre os anos de 1987 e 2002.
Os cientistas visavam entender se a quantidade de mutações recém-formadas nas células da linhagem germinal das crianças ultrapassa o indicador médio da população. Ao contrário das células somáticas, as mutações e outras alterações genéticas nas células da linha germinal são hereditárias.
"Este é um dos primeiros estudos que avaliam sistematicamente a mudança da frequência das mutações humanas em resposta a uma catástrofe tecnológica acompanhada por uma exposição acidental", segundo os cientistas.
Quase todas as variações genéticas hereditárias estão no DNA germinal de pelo menos um dos pais. No entanto, uma pequena quantidade de variantes transmitidas é exclusiva, ocorrendo devido a mutações aleatórias em gametas, ou células sexuais (espermatozoides e óvulos). Essas mutações são chamadas de mutações de novo ou recém-formadas (DNM, na sigla em inglês).
Atualmente, os cientistas estimam que o nível das DNM na população é de 50 a 100 novas mutações por indivíduo por geração. Os resultados do novo estudo mostram que em crianças cujos pais foram expostos à radiação na usina nuclear de Chernobyl esse indicador não ultrapassa a média da população. As crianças não apresentam mutações excessivas nas células da linha germinal.
"Nossa pesquisa não confirma o efeito transgeracional da radiação ionizante no DNA da linha germinal humana", concluíram os pesquisadores.
Em outras palavras, os cientistas não encontraram nenhuma anormalidade genética perceptível hereditária em crianças nascidas após o acidente na usina nuclear de Chernobyl, então o dano do DNA causado pela radiação ionizante não é hereditário.