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Brasil confia na CoronaVac e quer laços mais fortes com China não afetados pelos EUA, diz embaixador

© AFP 2023 / Miguel SchincariolContêineres transportadores de doses da vacina CoronaVac, descarregados de um avião cargueiro no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo, no dia 19 de abril de 2021
Contêineres transportadores de doses da vacina CoronaVac, descarregados de um avião cargueiro no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo, no dia 19 de abril de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 28.04.2021
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O embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet de Mesquita, disse que espera laços bilaterais mais fortes após a pandemia e ressaltou que o Brasil não escolhe um lado entre China e EUA.

A pandemia da COVID-19 no ano passado trouxe interações mais frequentes entre a China e o Brasil por meio da cooperação em prol de vacina contra COVID-19 e acordos comerciais crescentes. O jornal Global Times entrevistou o embaixador do Brasil em Pequim, Paulo Estivallet de Mesquita, para relembrar momentos marcantes da luta conjunta contra o coronavírus.

Estivallet explicou suas percepções ao escolher uma empresa chinesa como parceira de pesquisa e desenvolvimento de vacinas, com esperança explícita de mais fornecimento de doses e suporte técnico. O diplomata garantiu aos consumidores chineses a segurança da carne exportada pelo Brasil, que passou por rígidas medidas de higiene em meio à crise do coronavírus.

Benefício mútuo na cooperação de vacinas

Sobre o fato de o Brasil ter sido um dos primeiros países a aprovar o uso da vacina CoronaVac fornecida pela Sinovac, Estivallet disse que "a cooperação em vacinas entre Brasil e China tem sido um dos aspectos mais proeminentes contra a crise da COVID-19", reforçando que a campanha de vacinação no Brasil conta principalmente com a vacina chinesa.

"Esperamos que em um futuro próximo possamos aumentar ainda mais essa cooperação em termos de obtenção de mais doses [...]. Já havia uma relação tradicional com a China, mas atingiu um novo patamar com as vacinas contra COVID-19."

Estivallet foi bastante otimista ao dizer que toda a população brasileira deve ser vacinada até o fim de 2021: "Temos a expectativa de que até o final deste ano já teremos vacinas mais do que suficientes para vacinar toda a população brasileira tanto por meio da produção nacional quanto por importações internacionais inclusive da China." No entanto, confirmou que o Brasil não tem capacidade de exportação de vacinas contra a COVID-19.

Sobre o desenvolvimento da CoronaVac pela Sinovac da China e pelo Instituto Butantan do Brasil, Estivallet acredita que o histórico brasileiro em vacinação foi um ponto positivo. "Vemos essa cooperação como algo em que ambos os lados aprendem um com o outro. A quantidade de recursos investidos em pesquisas para uma vacina contra COVID-19 tem sido muito grande, e agora existem algumas novas tecnologias que também podem ser usadas no futuro para desenvolver vacinas contra outras doenças, incluindo aquelas que são mais prevalentes em áreas tropicais", apontou.

Os entrevistadores quiseram saber mais sobre os questionamentos de veículos de imprensa brasileiros com relação a segurança e eficácia da CoronaVac, mas o embaixador respondeu que as dúvidas não são sobre a vacina chinesa, e sim sobre todas as existentes no mercado.

"Eu acho que isso é natural. E é papel das autoridades sanitárias convencer as pessoas sobre as vacinas", opinou Estivallet. "No momento, nosso problema é a falta de vacinas, e não a preocupação com elas", ressaltou.

Para o embaixador, a tecnologia de vírus inativado usada pela vacina chinesa, por ser mais conhecida, dava uma expectativa de que ela teria mais chances de sucesso desde o início. Além disso, as vacinas tradicionais podem ser mais facilmente aceitas pelas pessoas. Apesar disso, concorda que novas tecnologias que algumas novas vacinas usam alcançaram resultados muito bons, como a tecnologia de RNA mensageiro.

© REUTERS / Leonardo Fernandez ViloriaVacina chinesa Sinopharm (imagem referencial)
Brasil confia na CoronaVac e quer laços mais fortes com China não afetados pelos EUA, diz embaixador - Sputnik Brasil, 1920, 28.04.2021
Vacina chinesa Sinopharm (imagem referencial)

Perguntado sobre a visão dele a respeito das críticas à China por se engajar na "diplomacia de vacinas", estando Pequim sendo acusada globalmente de tentar usar vacinas para aumentar seu poder global, o diplomata respondeu: "Não sei exatamente o que se entende por diplomacia de vacinas. Preferimos chamá-la de diplomacia da saúde e estamos muito felizes com a diplomacia da saúde que tivemos com a China."

"A participação da China no mercado brasileiro de produtos para saúde aumentou significativamente no ano passado. Isso agora acrescentou outra laje, outro tijolo, à construção de nosso relacionamento bilateral", exemplificou.

Estivallet demonstrou estar preocupado com a demanda mais imediata de imunizastes para acelerar o lançamento de vacinas no Brasil. "Já estamos adquirindo muitas vacinas da China. Mas queremos obter mais vacinas, mais rapidamente. Esta é a primeira prioridade para nós", concluiu.

Exportações China-Brasil

O embaixador garantiu que os exportadores brasileiros de grãos e carnes estão aplicando medidas rígidas, como testar periodicamente todos os funcionários, garantir o distanciamento social nas áreas de trabalho e uso de equipamentos de proteção e higienização a fim de garantir que os produtos que chegam à China sejam da mais alta qualidade.

Sobre as exportações de soja do Brasil para a China, os entrevistadores quiseram saber se o motivo foi apenas a pandemia da COVID-19 ou também a guerra comercial China-EUA. Nesta pergunta o embaixador foi bastante diplomático.

© AP Photo / Andre PennerColheita de safra de soja no Brasil (foto de arquivo)
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Colheita de safra de soja no Brasil (foto de arquivo)
"A guerra comercial afetou temporariamente alguns produtos sobre os quais a China impôs sobretaxas. A soja é um deles. Nossas exportações de soja para China tiveram um crescimento excepcional desde 2017 […]. Embora não achemos que seja benéfico para nós ter esse tipo de tensão, o Brasil tem capacidade de aumentar sua oferta de maneiras que sejam úteis para a China, que foi capaz de reduzir suas importações dos EUA por ter fornecedores como alternativa, e o maior deles era o Brasil."

Nós esperamos o retorno da prevalência das regras do comércio multilateral. Temos algumas preocupações sobre alguns elementos da fase um do acordo comercial assinado entre a China e os EUA, dependendo de como o acordo é implementado. Até o momento, não estamos particularmente preocupados, mas é algo que acompanhamos de perto para evitar discriminação contra as exportações brasileiras."

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