No esteio de alguns pronunciamentos do presidente da República, Jair Bolsonaro, que mencionou em entrevistas a possibilidade de fazer valer o texto do artigo 142 da Constituição, o general Eduardo José Barbosa afirmou que é o momento para "restabelecer a lei e a ordem".
"Portanto, se neste cenário atual, o poder Executivo, único dos três poderes que está sendo obrigado a seguir a Constituição à risca, que utilize o artigo 142 da Constituição para restabelecer a lei e a ordem. Que as algemas voltem a ser utilizadas, mas não nos trabalhadores que querem ganhar o sustento dos seus lares, e sim nos verdadeiros criminosos que estão a serviço do poder das trevas", diz o comunicado.
Ao mencionar o artigo 142, o presidente do Clube Militar parece sugerir uma intervenção militar no Brasil. Porém, no ano passado, a Câmara dos Deputados emitiu um parecer enfatizando que o artigo não prevê essa possibilidade. O tema é controverso entre juristas.
Na publicação, o presidente do Clube Militar faz críticas ao Supremo Tribunal Federal, à CPI da Covid, aos senadores, e até mesmo à população em geral. "Acovardada é a população que aceita o cerceamento de suas liberdades pétreas passivamente", escreveu.
A imprensa também foi alvo do general. Ele afirma que há uma campanha orquestrada contra Jair Bolsonaro, que se vale de fake news para atingir o presidente. "Acovardada é a extrema mídia que, para ajudar o poder das trevas, tenta destruir a reputação de um presidente democraticamente eleito disseminando notícias distorcidas e as vezes falsas", pontuou Eduardo José Barbosa.
Em seguida, o general afirmou que o ex-presidente Lula faz parte de uma campanha das trevas: "Um certo ex-presidente, condenado por corrupção, mas que está em campanha, representando as trevas". Para ele, "bastou a eleição de um presidente que acredita em Deus [Jair Bolsonaro] para que todo o inferno se levantasse contra ele".
"Acovardados são aqueles que, não satisfeitos com a facada, querem sangrar o presidente eleito até a morte", escreveu o representante do Clube Militar.
Repercussão da carta
Nas redes sociais, a divulgação do comunicado do Clube Militar causou diversas reações. O deputado Marcelo Freixo, do PSOL, comentou o assunto:
O Clube Militar disse que a CPI da Covid é a "treva no Brasil". Treva é general tomar vacina escondido por medo do capitão cloroquina. Treva é aceitar que as Forças Armadas sejam tratadas como se fossem uma milícia presidencial. Treva é apoiar um governo corrupto e genocida.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) April 29, 2021
Paulo Teixeira, do PT, aproveitou para criticar a gestão de Bolsonaro ao longo da pandemia da COVID-19.
Minha resposta ao Clube Militar: as
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) April 29, 2021
trevas se deram com um militar da ativa no Ministério da Saúde, que na sua inabilidade alavancou a epidemia para que chegássemos em quase 400 mil mortos, cujas vidas poderiam ser salvas.