Os planos do Pentágono para desenvolver novos interceptadores de mísseis têm como alvo as forças nucleares estratégicas da Rússia, adverte Igor Korotchenko, especialista militar e editor-chefe da revista Natsionalnaya Oborona.
Como informou a agência norte-americana Bloomberg na terça-feira (27), o Pentágono planeja alocar cerca de US$ 18 bilhões (R$ 98 bilhões) para desenvolver novos interceptadores de mísseis provenientes da Coreia do Norte ou do Irã, com participação das montadoras Lockheed Martin e Northrop Grumman. Os EUA planejam construir 31 interceptadores, a serem revelados o mais tardar em 2028 e a serem implantados no Alasca.
"As afirmações de que os novos antimísseis dos EUA são supostamente destinados para interceptar mísseis iranianos e norte-coreanos são uma artimanha", diz Korotchenko à Sputnik.
"É óbvio que estamos falando aqui da capacidade dos EUA de interceptar mísseis balísticos intercontinentais russos de baseamento terrestre e marítimo. O sistema americano de defesa estratégica contra mísseis está sendo melhorado. Tendo em conta que os EUA já saíram do Tratado ABM [Tratado sobre Mísseis Antibalísticos] de 1972, eles têm as mãos livres."
Segundo o especialista, provavelmente a questão não é criar novas classes de mísseis antibalísticos, mas sim modernizar de forma planejada os interceptadores de mísseis pesados de baseamento terrestre (GBI, na sigla em inglês) localizados em silos no Alasca.
"Levando em consideração o modesto volume de financiamento, pelos padrões americanos, as características táticas e técnicas deste segmento existente do sistema antibalístico global americano serão muito provavelmente melhoradas: por exemplo, os GBI obterão um estágio de interceptação modernizado e seus algoritmos de interceptação serão melhorados", explicou Igor Korotchenko.
Ao mesmo tempo, o diretor da Natsionalnaya Oborona acrescentou que o trabalho planejado pelo Pentágono não afetará as capacidades da tríade nuclear russa, que inclui a Força Estratégica de Mísseis, os bombardeiros porta-mísseis da aviação de longo alcance e os submarinos nucleares com mísseis balísticos.
"Estas medidas americanas não impõem por enquanto nenhuma restrição à capacidade da Rússia de aplicar, se necessário, o conceito de ataque nuclear retaliatório", sublinhou.