O pedido de perdão foi feito nesta segunda-feira (3), em um ato chefiado pelos presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Guatemala, Alejandro Giammattei.
"Aqui, por um imperativo de ética governamental, mas também por nossa própria convicção, oferecemos as mais sinceras desculpas ao povo maia pelos terríveis abusos cometidos por indivíduos e autoridades, nacionais e estrangeiras, na conquista [espanhola], durante os três séculos de dominação colonial e dois séculos de independência do México", disse o presidente mexicano em um discurso proferido no chamado Santuário da Cruz Falante, no estado de Quintana Roo, situado na costa leste da península de Iucatã.
O presidente escolheu esta data para um evento intitulado "Fim da Guerra de Castas e cerimônia do perdão aos povos originários", que sobreviveram à "guerra de extermínio" comandada por militares mexicanos.
A chamada Guerra de Castas foi um conflito social liderado pelos povos maias que habitam a península de Iucatã. Em julho de 1847, os maias se insurgiram contra a população branca em conflitos que causaram cerca de 250 mil mortes. A guerra terminou em 1901 com a ocupação militar da capital maia, onde fica o santuário também chamado de "Chan Santa Cruz".
Petición de perdón por agravios al pueblo maya. Fin de la Guerra de Castas, desde Quintana Roo. https://t.co/dZZk5TGMbd
— Andrés Manuel (@lopezobrador_) May 3, 2021
Pedido de perdão pelas agressões ao povo maia. Fim da Guerra de Castas, de Quintana Roo.
"Aqui estiveram os soldados mais sanguinários do Exército mexicano, como Victoriano Huerta", que protagonizou no meio da Revolução Mexicana um golpe contra Francisco Madero, "nosso apóstolo da democracia", disse López Obrador. Madero foi o primeiro presidente eleito no México após a ditadura de Porfirio Díaz (1884-1911), que foi deposto e posteriormente fuzilado, em 1913.
O evento contou com a presença de autoridades tradicionais dos povos maias e de governadores de cinco dos territórios do sudeste mexicano: Tabasco, Chiapas, Campeche, Iucatã e Quintana Roo.
As comunidades de quase dois milhões de habitantes que preservam a língua maia – em algumas regiões não se fala espanhol – são herdeiras dos construtores das pirâmides pré-hispânicas de Chichén Itzá, Tulum, Cobá e Calakmul, no México, e de Tikal, na Guatemala, erguidas no século VIII.