Os primeiros exercícios conjuntos de Japão, EUA e França em solo japonês, batizados de ARC21, começaram na terça-feira (11) e ocorrem em um momento em que os três países buscam intensificar os laços militares em meio à crescente assertividade chinesa na região, reporta o portal Marine Corps Times.
From May 11 to 17, #JMSDF conducted “ARC21”, multilateral exercise with French, U.S. and Australian Navy in the East China Sea. The four countries simulated procedures such as landing training for remote islands defense and anti-submarine training with ships and aircraft. pic.twitter.com/y8m9cJN1KO
— Japan Ministry of Defense/Self-Defense Forces (@ModJapan_en) May 16, 2021
De 11 a 17 de maio, o Ministério da Defesa e a Força de Autodefesa do Japão conduziu o ARC21, exercício multilateral com a Marinha francesa, norte-americana e australiana no Mar da China Oriental. Os quatro países simularam procedimentos como treinamento de pouso para a defesa de ilhas remotas e treinamento antissubmarino com navios e aeronaves.
Nos treinamentos de sábado (15), os três países foram acompanhados pela Austrália em um exercício naval expandido envolvendo 11 navios de guerra no Mar da China Oriental, onde as tensões com Pequim estão escalando por causa da situação envolvendo Taiwan, que a China considera uma de suas províncias e não um país independente.
Soldados japoneses e seus colegas do Exército francês e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA também conduziram um exercício de guerra urbana usando um prédio de concreto na Área de Treinamento de Kirishima, na ilha japonesa de Kyushu. Cerca de 200 soldados participaram dos exercícios de sábado (15).
Disputa nos mares regionais da Ásia
Os exercícios acontecem enquanto o Japão busca reforçar suas capacidades militares em meio a uma disputa territorial cada vez maior com a China nos mares regionais. Tóquio está preocupado, principalmente, com a atividade chinesa em torno das ilhas Senkaku, controladas pelos japoneses, que Pequim reivindica como chinesas e chama de ilhas Diaoyu.
#StrongerTogether
— 1st MAW Marines (@1stMAW_Marines) May 16, 2021
The USS New Orleans (LPD 18), joined by the Royal Australian Navy, the French Navy, and Japan Maritime Self-Defense Force, transit together during exercise Jeanne D’Arc 21, off the coast of Kagoshima, Japan.#FightNow #FreeAndOpenIndoPacific pic.twitter.com/WA3MfS9nR1
O USS New Orleans (LPD 18), [navios da] Marinha Real Australiana, da Marinha francesa e da Força de Autodefesa Marítima do Japão transitam juntos durante o exercício Joana D'Arc 21, na costa de Kagoshima, no Japão.
O vice-ministro da Defesa do Japão, Yasuhide Nakayama, acompanhou o treinamento e enfatizou a importância da participação francesa nos exercícios conjuntos regularmente realizados entre o Japão e os EUA, e muitas vezes com a Austrália.
"Foi uma oportunidade valiosa para a Força de Autodefesa do Japão manter e fortalecer sua capacidade estratégica necessária para defender nossas ilhas remotas […]. Juntos, pudemos mostrar ao resto do mundo nosso compromisso em defender a terra, os mares territoriais e o espaço aéreo japoneses", afirmou Nakayama, citado pela mídia.
A França, que possui territórios no oceano Índico e no Pacífico Sul, também tem interesses estratégicos na região. "É obviamente muito importante para nós porque precisamos estar lado a lado com pessoas que compartilham esta parte do mundo", disse o tenente-coronel Henri Marcaillou, do Exército francês.
O tenente-coronel Jeremy Nelson, do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, por sua vez, ressaltou que os três países mostraram que podem trabalhar juntos "por um objetivo ou causa comum".
O Japão e os EUA afirmam que têm promovido uma visão livre e aberta do Indo-Pacífico, com uma estrutura econômica baseada em princípios democráticos na área e destacam que esse é um dos objetivos do Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad, na sigla em inglês), que também inclui Austrália e Índia.
De acordo com a mídia, o Quad é visto como um grupo para conter a escalada de influência da China na região e Pequim critica o bloco por ser baseado em uma mentalidade da era da Guerra Fria.
Na semana passada, Pequim afirmou que os exercícios não intimidam a China. "Vocês acham que a realização de exercícios conjuntos [...] pode intimidar a China? Porém, estamos contra o fato de esses países utilizarem continuamente a China como pretexto", declarou a porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying.